Trumpconomia: como foi a gestão econômica de Donald Trump
No final de 2019, o Fórum Econômico Mundial de Davos classificou os Estados Unidos do presidente Donald Trump em primeiro lugar no ranking dos países mais competitivos do mundo.
Os EUA superaram Cingapura, Suíça, Alemanha e Japão. A América de Donald Trump cresceu de 2017 até 2019 em ritmo acelerado.
O aumento do Produto Interno Bruto (PIB) nesses três anos foi de 2,2%, 2,9% e 2,3%, respectivamente. Nada mal para uma economia madura.
O desemprego caiu para o mínimo de 50 anos: 3,5%. Basicamente pleno emprego.
E Wall Street surfou o período de bull market mais longo de sua história.
Mas, mesmo com esses resultados positivos, a gestão da economia de Trump também apresentou pontos críticos.
Menos impostos e desregulamentação
Se a gestão da política econômica de Donald Trump fosse resumível em dois pontos, esses seriam reforma tributária e a desregulamentação.
O corte de impostos tem sido o motor do crescimento da economia dos Estados Unidos durante a presidência Trump. Talvez a decisão mais importante de política econômica de todo seu mandato.
A Lei de Redução de Impostos (TCJA), assinada em 22 de dezembro de 2017 pelo presidente, reduziu a tributação de empresas, pessoas físicas e gerou um maxi-retorno para os investidores.
A lei reduziu a taxa de imposto federal sobre as empresas de 35% para 21% e abaixou as sete alíquotas do imposto de renda federal para pessoas físicas.
Além disso, outros aspecto muito importante foi a repatriação de capitais do exterior.
A reforma tributária de Donald Trump permitiu que de US$ 3,3 trilhões (cerca de R$ 18 trilhões) depositados no exterior ou em paraísos fiscais para evitar a bitributação voltassem para os EUA. Uma revolução deu oxigênio para a economia americana.
Legado complicado de Donald Trump
Todavia, por outro lado, o corte de impostos levou a um aumento do déficit público, que atingiu um recorde de 4,6% sobre o PIB em 2019. Além disso, a dívida pública americana superou os US$ 27 trilhões no ano passado.
A “Trumpconomia” também aumentou o protecionismo, com a guerra comercial contra a China. Mas esse ponto parece ter sido mais negativo do que positivo para as finanças dos EUA.
Isso pois o déficit comercial com a China aumentou. E as tarifas pesaram sobre as contas das empresas importadoras americanas.
Além disso, o slogan “America First” de Trump também teve um impacto negativo nas relações comerciais com parceiros tradicionais, como a União Europeia, assim como com países que deveriam ser aliados político-ideológicos, como o Brasil do presidente Jair Bolsonaro, que sofreu consequências negativas na exportação de aço e alumínio.
Coronavírus mudou tudo
E, por último, chegou o novo coronavírus (covid-19) que mudou tudo.
O aumento exponencial do desemprego nas últimas semanas gerou um forte descontentamento entre as camadas mais baixas da população americana. Mais de oito milhões de pessoas se tornaram pobres nesse período, segundo dados da Universidade de Columbia.
A ajuda financeira concedida pelo governo federal, com um cheque de US$ 600 por semana, ajudou a melhorar essa situação. Mas o custo foi de US$ 2 trilhões. Que se soma a outros pacotes de estímulos trilhonários lançados pelo governo Trump para fazer frente a pandemia.
Em suma, a Trumpeconomia registrou resultados positivos, mas também deixa um legado complicado.
A crítica de muitos observadores é que o presidente nada mais fez que surfar em uma onda que já tinha começado durante o segundo mandato da presidência Obama. Os analistas favoráveis ao presidente, todavia, salientam como a redução da pressão tributária deu nova energia para a economia dos EUA.
O que todos tentam prever é como será a gestão econômica dos próximos quatro anos. Em caso de vitória de Donald Trump, provavelmente teremos “mais do mesmo”, dobrando a aposta sobre os resultados já alcançados. Em caso de vitória de Joe Biden, os EUA poderiam tentar voltar para um contexto multilateral, dar nova força à Organização Mundial do Comércio (OMC) e criar regras trabalhistas e ambientais mais rígidas. Além de um plano keynesiano com trilhões de investimentos. O povo americano decidirá qual proposta sairá vencedora das eleições deste 3 de novembro.