O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer acelerar os testes com a vacina que combata o novo coronavírus (Covid-19), com o intuito de anunciá-la antes das eleições presidenciais de novembro, quando buscará ser reeleito. As informações são do jornal britânico “Financial Times”.
A vacina norte-americana, que está sendo desenvolvida no Reino Unido, ainda está em fase de testes, mas, segundo o jornal, a Casa Branca quer que as autoridades sanitárias concedam uma “autorização de uso de emergência” até outubro. O medicamento está sob responsabilidade da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca.
O estudo da AstraZeneca tem 10 mil voluntários para sua vacina, todavia, orgãos regulatórios entendem que essa é uma amostra pequena — o mínimo, para que a vacina seja aprovada, deveria ser de 30 mil voluntários. A empresa também está conduzindo um estudo maior, com cerca de 30 mil voluntários, embora os resultados virão após um ensaio menor.
Trump pode utilizar a chegada da vacina aos Estados Unidos como um trunfo para as eleições. O atual mandatário está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do representante do Partido Democrata, Joe Biden. O oponente de Trump diz que a resposta dos Estados Unidos ao vírus foi o “ pior desempenho de qualquer nação”.
Vacina é necessária para o país e para Trump
Os Estados Unidos são o país mais impactado pelo coronavírus, com mais de 5,7 milhões de contaminados e cerca de 176,8 mil mortes. A relação de mortes por milhão de habitante está em 531 — somente atrás do Brasil. Não somente como uma ferramenta eleitoral, Trump procura encontrar uma resposta para estancar o crescimento da pandemia, em meio às fortes críticas sofridas em território norte-americano.
Todavia, segundo o “Financial Times”, se o governo Trump se apressar em obter a autorização de emergência antes das eleições, contornando as diretrizes normais das autoridades competentes, isso pode abalar a já abalada confiança do público na segurança das vacinas à frente de um dos maiores programas de imunização em massa da história do país.
Se o U.S. Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora estadunidense, conceder aprovação de emergência para a vacina AstraZeneca com base no estudo Oxford, entretanto, isso poderá levar a uma série de demissões da agência.
No início da última semana, Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica do FDA — que é responsável por avaliar os medicamento — disse à agência de notícias “Reuters” que renunciaria se a reguladora aprovasse uma vacina antes que dados definitivos mostrassem sua segurança e eficácia.
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