Se algumas startups levam anos para pivotar ou mesmo apostar em outros segmentos, a Truckvan, mesmo com uma alma quase trintona, é mais jovem do que muitas empresas por aí. Tradicional fabricante de unidades móveis e implementos para caminhões, a companhia agora busca implantar tecnologia nos dados para atingir o R$ 1 bilhão de faturamento.
A companhia, fundada em 1992, começou como uma oficina de peças. Logo passou a comercializar também baús e carretas para caminhões, o que levou a empresa a produzi-los.
“Começamos apenas como uma oficina mesmo. Em 1997, compramos baús desmontados e aí, pela condição de mercado da época, a gente via os nossos parceiros fecharem e a gente dava azar, mas acabamos sendo forçados a colocar um pouco de produção, de indústria mesmo”, conta Alcides Braga, fundador da empresa.
Atualmente, a empresa produz implementos rodoviários, que vão de carretas de grande porte a semirreboques, e também oferta a venda ou aluguel de unidades móveis. “Unidades móveis são carretas palco para show, camarim, carreta para escola, Sesi e Senais, por exemplo. Temos também variações no mercado de cargas e adaptações”, disse Braga.
Truckvan agora aposta em vender dados
Agora, a Truckvan, que possui cerca de 600 funcionários em uma planta em Guarulhos, na Grande São Paulo, aposta também em comercializar dados e soluções de tecnologia para segurança de informações, combinadas com a logística, para crescer.
“Esse é um segmento de baixíssima competição. Conhecemos as pessoas, cientistas que conheciam esse segmento e começamos o trabalho de desenvolver data bankers. Esta ainda é uma promessa, que vai amadurecendo”, afirmou Braga.
De acordo com o executivo Alcides Braga Neto, na crise causada pelo novo coronavírus (covid-19), a Truckvan reforçou o caixa para poder passar pela fase mais aguda do processo sem precisar reduzir a oferta de produtos.
“Começamos o ano bem em 2019, e tomamos linhas de crédito reforçando nossa capacidade de caixa, pensando em passar a arrebentação. Não usamos nenhum instrumento do salário ou demissões, reforçando capital, mas viemos com a boa notícia da recuperação e da economia, a partir do meio do ano”, disse.
“Caminhamos para R$ 260 milhões de faturamento neste ano, com alta de 70%, e com os meses a vender, podemos crescer 100% no ano ainda”, completou Braga.
Meta é chegar a R$ 1 bilhão de faturamento
Segundo o executivo da Truckvan, com o retorno da atividade econômica a patamares pré-crise e o avanço do PIB, a empresa pode buscar chegar aos R$ 1 bilhão em faturamento.
“Temos a ideia de ser uma empresa de R$ 1 bilhão de receita em 4 ou 5 anos. É bastante agressivo, mas é factível se tivermos fôlego financeiro que é o que estruturamos para ter”, disse Neto.
Para isso, porém, Braga não vê o fomento pela ferrovia como um empecilho ao crescimento da frota rodoviária. Segundo ele, a frota brasileira é relativamente velha e, além disso, a chegada das ferrovias deve complementar o serviço rodoviário brasileiro.
“Transportar dois terços do PIB nem pra gente é justo. Essa desproporção começa a ser revertida e eu vejo como positivo isso pois a ferrovia é uma dinâmica para desenvolvimento, tem escala e custo adequado, performance, então não tem nexo aos caminhões fazer a vez do trem”, disse.
Esse advento das ferrovias, portanto, pode fazer com que a Truckvan altere o perfil de suas principais linhas. “Ocorrerá uma mudança leve no perfil do nosso equipamento, deixando de ser extra, super pesado, para algo menor. Nesse sentido, o caminhão irá encontrar com uma ferrovia e cada um fazer a sua parte”, disse o fundador da empresa.