Um tribunal japonês decidiu não prorrogar a prisão do ex-presidente do conselho de administração da Nissan, Carlos Ghosn.
O Tribunal do Distrito de Tóquio decidiu nesta quinta-feira (20),não prorrogar a prisão de Carlos Ghosn. Isso significa que o ex executivo da Nissan pode deixar em breve a prisão onde está detido por suspeita de fraude financeira.
O ex-presidente da montadora poderia ser liberado ainda nesta quinta-feira ou na sexta-feira, após o pagamento de fiança. O último período de 10 dias de detenção terminou nesta quinta-feira.
O tribunal também decidiu não prorrogar a detenção de Greg Kelly, ex-diretor da Nissan, preso junto com Ghosn em 19 de novembro.
A Procuradoria do Distrito de Tóquio recorreu contra a decisão do tribunal de não prorrogar a prisão de Ghosn e Kelly.
“Vamos atuar de maneira apropriada”, afirmou o promotor adjunto Shin Kukimoto.
Ghosn era chefe da aliança formada pelas japonesas Nissan e Mitsubishi Motors, além da francesa Renault.
Ghosn foi indiciado em 10 de dezembro por supostamente omitir cerca de metade de seu rendimento durante um período de cinco anos a partir de 2010. O executivo e teve a prisão renovada no mesmo dia por supostamente cometer o mesmo crime nos últimos três anos.
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O executivo de 64 anos foi acusado de ter omitido em suas declarações de renda às autoridades da Bolsa. O total da sonegação seria de quase 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões ou R$ 171 milhões) durante cinco anos, entre 2010 e 2015. Greg Kelly também foi acusado do mesmo crime.
Os dois, que negam as acusações, também são suspeitos de terem repetido a fraude, entre 2015 e 2018. Desta vez o valor seria de 4 bilhões de ienes (US$ 35 milhões ou R$ 136,5 milhões). Uma situação que havia provocado a prorrogação do período de detenção.
A Nissan também é investigada como pessoa jurídica. Isso porque a Promotoria suspeita da responsabilidade da empresa, que forneceu os relatórios incriminatórios às autoridades da Bolsa.
A detenção de Ghosn é o resultado de uma investigação interna da empresa. O executivo foi destituído da presidência da Nissan pouco depois. Ele também foi destituído da presidência da Mitsubishi Motors. Entretanto, a Renault decidiu mantê-lo em seu cargo, uma situação que gerou uma crise na aliança entre as montadoras, criada em 1999.
Na segunda-feira, o conselho da Nissan não conseguiu designar um substituto para um executivo.
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A decisão do tribunal não significa que Ghosn não será acusado pela segunda vez.
Além das acusações de não ter declarado sua renda, a Nissan afirma que seu ex-presidente comprou ilicitamente residências de luxo com recurso da empresa ao redor do mundo.
O diretor executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, que usou palavras duras a respeito de Carlos Ghosn, voltou a falar sobre o tema na segunda-feira.
“Nossa empresa está em choque, não estamos em uma situação normal, mas o meu sentimento é que deveríamos acabar definitivamente com atitudes tão graves”, declarou Saikawa.
A aliança Renault-Nissan nasceu em 1999 e em 2016, com a entrada da Mitsubishi Motors, se tornou o maior grupo mundial do setor automobilístico. Carlos Goshn liderava esse colosso das automóveis.