Tesouro direto: títulos públicos disparam com risco fiscal; como investir?

O cenário macroeconômico mudou neste mês de abril. Com a elevação dos juros futuros, as taxas dos títulos públicos – do Tesouro Direto – ultrapassaram a marca de IPCA + 6%. Com a inflação americana ainda em alta e com a ameaça do risco fiscal brasileiro, a aversão ao risco aumentou nos investimentos em renda variável. Diante disso, como investir?

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Na visão de Vinícius Romano, head de renda fixa da Suno Research, títulos de renda fixa ficam mais atrativos em momentos como esse. “Alguns papéis indexados à inflação (IPCA+), por exemplo, ultrapassaram a barreira do ‘6% real’”, e aparecem como boas oportunidades”. Isso vale, principalmente, para quem deseja carregar o título até seu vencimento.

No geral, a abertura das taxas futuras de juros traz maior volatilidade para o mercado, fazendo com que os investidores optem por ativos mais seguros, já que oferecem uma remuneração maior.

Justamente por isso, a Bolsa de Valores sofre com queda nos preços das ações e de outros ativos listados, como os fundos imobiliários. Mas há quem se beneficie desse “estresse”.

Em que investir para ter retorno acima do Tesouro Direto?

Títulos de renda fixa indexados ao IPCA e com taxas acima dos títulos do tesouro são opções rentáveis para o investidor. Isso inclui CDBs, CRIs, CRAs e debêntures. Obviamente, o investidor precisa analisar o risco e o retorno de cada papel.

Outra opção são os ETFs – fundos de índice listados em bolsa – que investem em renda fixa.

De acordo com Alessandra Gontijo, CCO da Investo, a conjuntura ressalta, novamente, a importância da alocação em papéis atrelados à inflação.

Ela cita o ETF da gestora, o NTNS11, que investe em títulos públicos com duration de 0 a 4 anos, com yield de IPCA + 6,43%. “Esta rentabilidade é superior à da NTN-B mais longa e atualmente disponível – título com vencimento em 2055 com taxa IPCA + 6,06% -, com uma volatilidade quatro vezes menor”, comenta a especialista.

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Por que as taxas subiram tanto nas últimas semanas?

Essa mudança no cenário é motivada por fatores externos e internos. O analista da Suno disse que “após dados de inflação nos EUA acima das expectativas do mercado, houve uma pressão na curva de juros futura dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro americano (treasures). Dessa forma, os juros brasileiros acabam sendo afetados”.

Ou seja, a pressão sobre os juros também tem relação com a política fiscal. Romano acredita que a deterioração da nossa situação fiscal também contribuiu para o aumento das taxas.

O governo do presidente Lula anunciou modificações na projeção fiscal com nova previsão de déficit zero para 2025. Até então, a meta era de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano. Essa modificação gerou temores no mercado financeiro, acabou pressionando a Bolsa, que caiu por seis dias seguidos e fez aumentar a atratividades de títulos públicos como o Tesouro Direto.

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Gustavo Bianch

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