A pesquisa XP de Sentimento do Mercado, edição de agosto, mostrou que o interesse dos investidores por renda fixa e Tesouro Direto aumentou de forma expressiva diante da alta da Selic, enquanto o apetite por renda variável diminuiu, impactando ações e fundos imobiliários. Segundo a pesquisa, o interesse por Tesouro Direto e renda fixa cresceu 27 pontos porcentuais entre julho e agosto.
Realizada com assessores da XP e assessores de investimento de escritórios autônomos filiados à XP Investimentos, a pesquisa indica que a mudança de comportamento está atrelada ao aumento da taxa Selic e a busca por proteção contra a volatilidade. Com isso, investimentos conservadores como o Tesouro Direto e ativos de renda fixa voltaram a crescer no interesse dos investidores.
O percentual de interessados em manter seus investimentos em renda variável ficou em 46% dos respondentes, uma queda de 5 pontos porcentuais (p.p.) em relação a julho. Já os que pretendem diminuir seus investimentos em renda variável chegou a 38%, um aumento de 25 p.p. em relação ao mês anterior.
Para os assessores, isso indica que os clientes estão mais pessimistas em relação aos seus investimentos em ações. Tanto que, apenas 16% dos investidores pretendem aumentar suas posições em tal classe de ativos, uma queda de 20 p.p. em relação à julho.
Tesouro Direto e renda fixa em alta
O maior interesse dos investidores entrevistados continua sendo por ativos internacionais, em seguida, houve um grande aumento no interesse por Tesouro Direto e renda fixa após a alta dos juros.
As classes de ativos que os assessores e seus clientes se mostraram mais interessados foram (podia marcar mais de uma opção):
- Investimentos Internacionais (70%);
- Tesouro Direto e Renda Fixa (65%);
- Fundos de Renda Fixa (40%);
- Fundos Imobiliários (35%);
- Fundos Multimercado (27%);
- Fundos de Renda Variável (22%); e
- Ouro (9%).
Em relatório, a XP destaca o interesse por Tesouro Direto e renda fixa, porque foi a classe de ativos que mais cresceu de um mês para o outro, com aumento de 27 pontos porcentuais. Outro destaque, porém de queda, foi o declínio de 20 p.p. na busca por fundos imobiliários (FIIs).
“Essas mudanças podem ser explicadas por fatores como o aumento da taxa de juros Selic, bem como a busca por proteção dada a volatilidade. [Estamos em] um contexto de aumento na percepção de riscos políticos e fiscais, e incertezas quanto à variante Delta da Covid-19 no último mês”, indica a corretora em relatório.
Riscos políticos e fiscais são ameaça
Em relação às ameaças, o destaque continua sendo o risco político e fiscal no Brasil, com um aumento de 15 p.p. de um mês para o outro, chegando a 82%. A alta da inflação está como o segundo maior risco, em 6%, seguido da alta da taxa Selic em 5%.
Já o que os assessores e seus clientes veem como impulsionadores da bolsa brasileira são:
“Esses resultados mostram que os investidores estão mais atentos ao cenário doméstico em relação ao que pode interferir no desempenho da Bolsa em 2021”, aponta o relatório.
Tendência de alta do Tesouro Direto permanece
O próximo encontro do Copom deve acontecer nos dias 21 e 22 de setembro. O comitê já sinalizou um aumento de 1 p.p. na Selic, para 6,25% a.a.
Com isso, a busca por investimentos mais conservadores como Tesouro Direto e outros ativos de renda fixa deve continuar em alta nos próximos meses.