Tesouro da Argentina diz que recursos do FMI são usados para pagar dívidas

Um porta-voz do Tesouro nacional da Argentina disse, na última quinta-feira (3), que o país foi forçado a usar o dinheiro recebido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para pagar dívidas.

Segundo o representante do governo, Buenos Aires tem utilizado todo e qualquer recurso disponível para honrar com o vencimento das dívidas assumidas. A Argentina usou U$ 1,9 bilhão (aproximadamente R$ 7,76 bilhões) em recursos do FMI para pagar os títulos com vencimento de curto prazo.

Esses títulos são chamados de Letes, além dos papéis em moeda local (Lecaps), assim como dívidas com credores argentinos e bancos regionais voltados ao desenvolvimento da Argentina.

Parte do capital utilizado para o pagamento desses compromissos foram retirados do aporte de US$ 7,2 bilhões (aproximadamente R$ 29,4 bilhões) do FMI recebidos em junho do ano passado. O intuito da captação do dinheiro era fortalecer as reservas do país, além de ser um fundo preventivo.

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“Esses recursos são parte do empréstimo acertado com o FMI, direcionados a reforço orçamentário, como intenção de precaução”, disse o porta-voz do Tesouro.

A Argentina está em um momento de grave crise da dívida, após a desvalorização sofrida pelo peso que forçou o presidente Mauricio Macri a lançar planos de adiamento de pagamentos sobre aproximadamente US$ 100 bilhões de dólares em dívidas.

Captação de recursos do FMI pela Argentina

Em junho do ano passado, a Argentina acertou com o FMI um acordo para o recebimento de US$ 50 bilhões. Em outubro do mesmo ano, o valor aumentou para US$ 57 bilhões.

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Além disso, a Argentina ainda está negociando com o FMI a liberação de mais U$ 5,4 bilhões dos recursos. A decisão, no entanto, está pausada devido às turbulências frente a eleição presidencial que está marcada para o dia 27 de outubro.

“Enquanto as negociações continuam com o FMI sobre a quinta revisão do acordo de standby e sobre o novo desembolso, o governo está usando seus recursos para cumprir vários compromissos orçamentários e financeiros”, declarou o porta-voz do governo, solicitando para não ser identificado pelo nome.

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O apoio do FMI é fundamental para o país vizinho, que apresenta uma alta inflação e uma desvalorização cambial que fez o peso perder quase de um terço de seu valor somente em 2019.

Representantes do FMI vão se reunir com autoridades da Argentina, incluindo o ministro do Tesouro, Hernan Lacunza, ainda neste mês de outubro.

Jader Lazarini

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