Tesla: supervalorização, problema de entrega e até fábrica no Brasil

Se o mercado acionário fosse uma corrida, o carro da Tesla (TSLA) poderia ser considerado aquele veículo, meio azarão, que apostaria tudo para chegar na frente. Começaria andando no pelotão da frente. Mas, será que ao fim da corrida, a Tesla continuará em uma das posições de liderança?

O ano de 2020 promete ser um tira-teima a essa prova. Com o valor de mercado supervalorizado, a Tesla, fundada pelo excêntrico sul-africano Elon Musk, precisa enfrentar as dificuldades no desenvolvimento dos carros híbridos e elétricos e os perrengues resultados e até rumores de uma fábrica no Brasil para, finalmente, se tornar uma companhia que apresente resultados.

Ações se valorizam nos últimos meses

Os últimos dois meses marcaram uma corrida aos papéis da Tesla listados na Nasdaq. Só em um dia, as ações chegaram a fechar em alta de 16%. Muito expressiva em um mercado maduro com o americano. Só em 2020, os papéis acumularam uma valorização de mais de 100%.

Essa alta fez com que a montadora atingisse um valor de mercado de US$ 170 bilhões. Se tornando assim a segunda montadora mais valiosa do mundo, ficando apenas atrás da Toyota nesta corrida. Atualmente, cada ação da empresa tem um valor de US$ 903.

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O desempenho ocorreu, entre outros fatores, pelo lucro reportado pela Tesla em 2019, contra os prejuízos registrados no passado, e a abertura e pleno funcionamento de uma fábrica em Xangai, na China. Algo que, na visão dos investidores, coloca a Tesla com vantagens de entrar forte no maior mercado do mundo e pode triplicar a produção.

Segundo a Bloomberg, o lucro por ação da Tesla foi de US$ 2,14, com uma receita de cerca de US$ 7,4 bilhões, enquanto analistas esperavam cerca de US$ 300 milhões a menos.

Veja também: Tesla: Montadora emitirá até US$ 2 bilhões em follow-on

Com essas premissas, a empresa de Musk já tem o valor de mercado maior que o da General Motors (GM) e Ford somados. O número, contudo, não representa a ordem de grandeza das coisas. Enquanto a GM comercializa cerca de oito milhões veículos por ano e a Ford seis milhões, a Tesla pretende alcançar 500 mil vendas neste ano.

A aposta dos investidores, portanto, está menos nos resultados atuais e sim no futuro a companhia, que aposta na liderança do promissor e inovador setor dos carros elétricos.

“Com o excesso de liquidez nos mercados, investidores se dão ao luxo de buscar empresas que ainda não geram caixa mais acreditando em um futuro, que ainda não chegou”, disse Alberto Amparo, analista de mercados internacionais da SUNO Research.

Dessa forma, a valorização dos papéis, no entanto, ainda esconde problemas que a Tesla precisa enfrentar para que seu carro não perca a corrida nas voltas finais, sendo 2020 a volta mais importante da companhia. O mercado aposta, então, que em um futuro próximo, com uma mudança nos paradigmas do consumo de carros, a companhia de Musk largue na frente dessa vez.

Problemas nas entregas

Apesar da alta das ações da Tesla, a empresa enfrenta problemas básicos e que ainda estão longe de serem resolvidos. A imagem de que a companhia não consegue entregar seus carros a tempo a acompanha ao menos desde 2010.

Saiba mais: Tesla: ações caem após fracasso em lançamento de novo carro

Tanto os modelos Model S e Model X sofreram com atrasos de anos para o início da produção. Já o Model 3 sofreu milhares de cancelamentos de pedidos pois não ficou pronto a tempo de atender a demanda.

O fechamento temporário da fábrica chinesa, causado pelos temores com o coronavírus, também começaram a impactar a produção. Mesmo assim, os consumidores ainda parecem dispostos a esperar por um Tesla (enquanto o mercado se pergunta, até quando?).

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Mesmo antes do lançamento oficial, o modelo Cybertruck, um veículo grande com design diferenciado, já conta cerca de 200 mil pedidos, o que pode ser um indicativo do futuro da companhia.

Fábrica da Tesla no Brasil

Com todo esse ímpeto da companhia, rumores de uma fábrica da Tesla no Brasil, mais precisamente em Santa Catarina, tomaram conta da internet após um colunista do site NSC Total afirmar que haveria um início de uma negociação para atrair uma fábrica de carros elétricos à região.

O SUNO Notícias apurou, no entanto, que não há por enquanto nada de concreto. “É algo puramente especulativo. De concreto mesmo, não há nada”, disse uma fonte com conhecimentos do setor.

“Além de que, na minha concepção, não há motivos para a escolha do Brasil por parte da empresa”, afirmou.

A falta de infraestrutura para carros elétricos no Brasil, além do custo e da falta de mão de obra qualificada no País também pesam contra uma instalação do parque fabril por aqui. Dessa forma, uma fábrica da Tesla no Brasil parece inviável, ao menos por enquanto.

Vinicius Pereira

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