Após afirmar na noite desta quinta-feira (18) que “alguma coisa irá acontecer na Petrobras (PETR4)“, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a afirmar em evento nesta sexta-feira (19) que aplicará mudanças na estatal.
“Teremos mudanças sim na Petrobras”, afirmou Bolsonaro em discurso de um evento de inauguração de um trecho do sistema de distribuição de águas do Rio São Francisco em Sertânia, Pernambuco.
Ao mesmo tempo em que anunciou mudanças, garantiu que não interferirá na política de preços da petroleira. “Mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes”, completou.
Bolsonaro voltou a dizer que irá zerar nos próximos dois meses os impostos federais sobre o diesel e que acabará com as tributações sobre o gás de cozinha. “O Governo Federal está fazendo sua parte”, disse.
O presidente afirmou que exige transparência de todos aqueles que indicou a cargos. “Se lá fora aumenta o preço do barril do petróleo e aqui dentro o dólar está alto, sabemos das repercussões nos preços dos combustíveis, mas isso não pode ser um segredo de estado”, concluiu.
Por conta das declarações de ontem, a Petrobras tem forte queda no pregão de hoje na B3 (B3SA3), com suas ações preferenciais retrocedendo 5,10% e as ordinárias, 6,46%, às 13h10.
Mercado comenta falas do presidente sobre a Petrobras
A manhã desta sexta-feira foi marcada por analistas e gestores comentando as declarações de Bolsonaro sobre a Petrobras.
Em relatório, o Goldman Sachs diz que vê as falas como negativas para a empresa e que elas devem gerar ruídos nas análises de investimentos da estatal. O banco pontua, no entanto, como positivo o corte de tributos e que, talvez, esse processo seja suficiente para evitar as interferências políticas na petroleira. Eles reiteraram a compra e fixaram o preço-alvo em R$ 41.
A XP, que já havia mudado sua recomendação para neutra por conta dos burburinhos políticos, viu as falas como algo que coloca ainda mais riscos na política de preços da Petrobras.
Já a Guide Investimentos afirmou que a crise de Bolsonaro com a presidência da Petrobras é a segunda do tipo e que da primeira vez, no caso do Banco do Brasil (BBAS3), as ameaças do presidente da República não se concretizaram.