A Tenda Empreendimentos (TEND3) está no radar dos investidores após a divulgação de resultados do quarto trimestre do ano passado (4T23) e do anúncio, nesta sexta-feira (15), de que pode rever para cima suas projeções (guidance) neste ano por causa das medidas anunciadas pelo governo federal.
A declaração, feita pelo diretor financeiro da Tenda, Luiz Maurício de Garcia, durante teleconferência de divulgação de resultados da empresa ao mercado, movimentou o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). No fechamento, a ação da Tenda teve uma alta expressiva de 10,05%, cotada a R$ 11,94.
Para Garcia, essa projeção de alta para este ano surge após a implementação do Regime Especial de Tributação (RET1), que estipula, por meio da legislação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), uma taxa tributária de 1% para empreendimentos residenciais de interesse social da Faixa 1. A regulamentação foi oficializada neste mês.
O RET1 é um dos pontos fundamentais para a viabilidade do programa habitacional nas faixas de renda mais baixas, atendendo mais famílias e atuando diretamente no déficit habitacional do país.
Outra perspectiva para alavancar os resultados da Tenda neste ano é o FGTS do Futuro. Trata-se de uma medida do governo que pretende liberar ainda este mês o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para a compra da casa própria. Inicialmente, o benefício será voltado para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, com o foco em famílias com renda mensal de até R$ 2.640, que são as que compõem a Faixa 1 do programa habitacional do governo.
BB Investimentos: “Resultados consolidados da Tenda representaram uma melhora significativa”
Para o analista do BB Investimentos, Felipe Mesquita, as perspectivas para a Tenda permanecem positivas, com boas expectativas quanto à evolução de lançamentos, repasse de preços e aos primeiros contratos firmados junto ao programa Pode Entrar, de São Paulo. A RET1 também é vista pelo banco como um ponto positivo.
Em relatório, o estrategista diz que, embora a companhia ainda registre prejuízo líquido no 4T23 da Tenda, os resultados consolidados do último trimestre representaram uma melhoria significativa de 82,5% em relação a 2022, aproximando-se do ponto de lucratividade.
No trimestre, aponta Mesquita, a Tenda acelerou o lançamento de empreendimentos, totalizando 21 novos projetos, e alcançou 62 lançamentos ao longo do ano de 2023. Além disso, a empresa reverteu a forte utilização de caixa dos anos anteriores, gerando caixa operacional de R$ 60 milhões no 4T23 e R$ 100 milhões em todo o ano de 2023.
Segundo analisa o BB-BI, houve também uma melhora significativa no nível de alavancagem, que saiu de 111,5% sobre o PL em 2022 para 53,4% ano passado, após um processo de follow-on (uma oferta de ações realizada por uma empresa que tem capital aberto e papéis negociados na bolsa de valores).
O estrategista diz ainda que as despesas com vendas da Tenda aumentaram no último trimestre dentro do contexto de SG&A (ferramenta de gestão que permite avaliar os gastos de uma empresa), embora tenham ficado abaixo do total do ano anterior.
Apesar do prejuízo líquido de R$ 19,6 milhões no 4T23, representando uma melhora de 82,5% em relação a 2022, o banco analisa que a margem líquida da Tenda permaneceu negativa em -3,3%, aproximando-se do ponto de lucratividade.
“Por ora, permanecemos nossa recomendação de compra com preço-alvo em R$ 17 para o final de 2024”, destaca o analista Felipe Mesquit sobre a Tenda.