A Telefônica Brasil (VIVT3), dona da Vivo, anunciou nesta terça (10) que obteve lucro líquido de R$ 750 milhões no primeiro trimestre de 2022, o que representa uma baixa de 20,4% em relação ao mesmo intervalo de 2021.
O principal motivo para a queda no lucro da operadora foi o aumento nas suas despesas financeiras. Isso foi reflexo do maior endividamento para bancar as compras de licenças para o 5G e da rede móvel da Oi (OIBR3), combinado com aumento da taxa de juros nos últimos meses.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) foi a R$ 4,511 bilhões, crescimento de 1,3%. A margem Ebitda encolheu 1,3 ponto porcentual, para 20,4%.
“O Ebitda foi beneficiado pelo maior crescimento de receita, mas teve o impacto da mudança de mix nos custos (+7,0% a/a), relacionado ao forte incremento de receitas de aparelhos e serviços digitais”, diz a empresa.
A receita líquida totalizou R$ 11,352 bilhões, aumento de 4,6%. “Foi o maior crescimento de receita líquida em 7 anos, impulsionado pela receita de serviço móvel (+5,7%, na comparação anual), de aparelhos (+10,0% a/a) e desempenho positivo consistente da receita fixa total (+1,9%a/a), com destaque para a receita de FTTH (Fiber to the Home), que cresceu 25,9% a/a”, explica a Telefônica.
O crescimento da receita de serviço móvel foi “impulsionado pelo aumento de 5,9% a/a da Receita de Pós-pago, que representa 81% da receita de serviço móvel.” A Telefônica contabiliza: “No último trimestre, adicionamos 1,269 milhão de acessos pós-pago, tanto pela migração de pré-pago para controle, quanto pelo saldo positivo de portabilidade de outras operadoras.”
Os custos totais da operadora subiram 7%, para R$ 6,840 bilhões.
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) ficou negativo em R$ 524 milhões, um salto de 66,6% na mesma base de comparação anual.
A linha de custos com depreciação e amortização também pesou negativamente no balanço da Telefônica. Essa linha cresceu 5,8%, para R$ 3,074 bilhões. Segundo a empresa, isso ocorreu em função do início da amortização das licenças do 5G, da amortização de novas licenças de software e do maior volume de depreciação dos ativos de arrendamento.
Telefônica prevê sinergias de R$ 5,4 bi com incorporação da Oi móvel (OIBR3)
A Telefônica Brasil informou ao mercado que vê sinergias potenciais de R$ 5,4 bilhões com incorporação da rede móvel da Oi OIBR3). Segundo a operadora, esse cálculo é líquido do investimento e do custo de integração.
A maior parte das sinergias, na ordem de R$ 1,8 bilhão, dizem respeito às redes. A tele prevê redução dos custos da operação e manutenção, bem como desativação de sites, despesas menores com implantação 4G/5G, rede core e backhaul, e otimização de TI.
A segunda maior porção das sinergias, de aproximadamente R$ 1,7 bilhão, se referem ao espectro. A companhia projeta despesas menores com a expansão de capacidade de transmissão, o que também passa pelo desligamento de sites.
A Telefônica cita também sinergias de R$ 1 bilhão decorrentes da integração da estrutura de vendas, suporte aos clientes e marketing, e R$ 900 milhões via ágio e alocação do preço de compra do espectro, base de clientes e outros.
No comunicado ao mercado, a empresa menciona ainda que, em março, os ativos da Oi adquiridos geraram R$ 135 milhões de receita líquida mensal, a partir do qual espera margem Ebitda acima de 70%, considerando o running-rate das sinergias.
A Vivo teve um custo de aquisição de R$ 5,4 bilhões com a compra da rede móvel da Oi. O pacote inclui: 43 MHz nas frequências de 1.800 MHz, 2.100 MHz e 900 MHz, com cobertura nacional; 12,5 milhões de clientes (37% em pós-pago e 63% em pré-pago); e 2,7 mil sites.
Com esses ativos, a Vivo pulará de 100 para 112 milhões de clientes, sendo que a base será dividida entre 56% de usuários de planos pós-pagos e 44%, de pré.
Com a saída da Oi do mercado de telefonia e internet móveis, a Telefônica Vivo ampliará sua fatia no segmento de 33% para 38%, sustentando a liderança. Em pós-pago (negócio mais lucrativo), crescerá de 37% para 40%.
Em relação ao espectro, a tele afirmou que a aquisição de 43 MHz consolidará a sua liderança em qualidade do serviço e permitirá reduzir a intensidade dos investimentos.
Telefônica: migração dos ativos
A Telefônica informou ainda que, de agora em diante, começará a trabalhar na integração dos ativos, o que lhe dará mais visibilidade do valor potencial a ser capturado na transação.
O cronograma previsto é o seguinte: migração de clientes temporária via roaming-like (esquema em que os acessos dos clientes são migrados para a Vivo, enquanto a rede e o atendimento continuam sendo fornecidos pela Oi) até o fim do terceiro trimestre. Nesse mesmo período, está prevista a conclusão da limpeza do espectro e de adaptação dos sites. A migração completa dos clientes da Oi para a Telefônica está prevista para ser finalizada até o fim do primeiro trimestre de 2023.
Com informações do Estadão Conteúdo