O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou que poderia estabelecer uma tarifa sobre o aço e o alumínio que são importados pelo país, e a expectativa é a de que a taxação deva ser oficializada já nesta segunda-feira (10). Mas quais são as justificativas desse movimento? De que forma isso poderia impactar o mercado brasileiro? Confira a seguir essas e outras respostas sobre o assunto.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, relembra que, logo após ser eleito, Donald Trump sinalizou um possível aumento de tarifas para todos os produtos, o que gerou stress no mercado.
Posteriormente, o presidente dos EUA passou a adotar um tom mais ameno, sinalizando potenciais acordos com a China a fim de reduzir o déficit da balança comercial entre as partes, o que voltou a “acalmar” os índices acionários
“O Ibovespa se aproveitou desse movimento. Apesar do risco fiscal ainda continuar, e não vemos nenhuma melhora interna, é fato que o índice se beneficiou de um sinal externo mais confortável”, afirma Sung.
Em seguida, relembra o economista, Trump negociou acordos com México, Canadá e China, e mais recentemente indicou uma taxação do aço que poderia ser de 25%.
“Vale destacar que, até o momento, não há nada oficial. Só foi feita uma sinalização. Ao meu ver, esse movimento visa diminuir a entrada do aço e, de certa forma, afetar a China. Como a China tem crescido menos e injetado aço e alumínio no mundo inteiro, os Estados Unidos tenta proteger sua própria indústria”, diz.
Sung explica que, consequentemente, essa taxação sobre o aço pode afetar o Brasil, que é um grande exportador da commodity para os Estados Unidos. Caso a tarifa seja confirmada, a expectativa é a de que o Brasil faça uma retaliação, taxando as empresas norte-americanas de tecnologia.
“A gente acredita que, ao longo de seu mandato, o Trump vai adotar uma política mais protecionista, com cortes de impostos e redução do tamanho do estado, por exemplo. Ao meu ver, contudo, não haverá uma taxação universal, mas, sim, movimentos pontuais para beneficiar a indústria norte-americana, e aí o Brasil pode ser afetado”, afirma Sung.
Ele relembra que, na primeira gestão de Trump, o Brasil já foi afetado em relação ao aço e ao alumínio. Posteriormente, contudo, as partes chegaram a uma negociação mais favorável e houve um acordo para cotas de importação dos EUA, que é o que o economista acredita que vai ocorrer desta vez.
“Se a taxação do aço e do alumínio for oficializada, ao meu ver o Brasil vai se sentar para negociar e tentar melhores condições. Mas isso já está um pouco no preço, pois o mercado já entende que o Trump vai adotar uma política mais protecionista em alguns setores”, completa o economista-chefe da Suno Research.