JP Morgan passa a ver alta de 1 ponto percentual na Selic em dezembro
O JP Morgan passou a enxergar uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a ser realizada entre os dias 10 e 11 de dezembro, de acordo com relatório mais recente divulgado pela casa.
O pacote fiscal recentemente anunciado pelo governo brasileiro, aliado às tensões globais e à desvalorização do real, colocou o Banco Central (BC) em uma posição desafiadora, forçando-o a adotar uma política monetária mais agressiva para conter a inflação, de acordo com os analistas.
Segundo o JPMorgan, o pacote falhou em restaurar a credibilidade da política econômica e acentuou o conflito entre as políticas fiscal e monetária.
Isso levou a casa a revisar suas projeções, prevendo um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, atualmente em 11,25%, já na próxima reunião Copom. Ao final do ano que vem, os analistas esperam uma taxa de juros de 14,25% no Brasil.
Embora o pacote tenha prometido uma economia de R$ 30,6 bilhões em 2025, o JPMorgan considera os números otimistas, estimando que o impacto real será de apenas R$ 15 bilhões, ou cerca de 0,1% do PIB. Assim, os analistas classificam o cenário fiscal como preocupante.
A falta de um ajuste estrutural mais robusto e a possibilidade de medidas fiscais expansionistas, como o aumento do salário mínimo, tendem a agravar as pressões inflacionárias, diz o relatório.
Além disso, a antecipação de uma reforma tributária, que reduz impostos para a classe média e os eleva para os mais ricos, pode aumentar o risco de desequilíbrio fiscal caso o Congresso aprove mais alívios do que compensações tributárias, na visão da casa.
Assim, diz o relatório, o impacto líquido pode resultar em uma redução de receitas equivalente a 0,3% do PIB, ampliando o déficit fiscal em 2026.
O JP Morgan alerta também que as recentes desvalorizações cambiais adicionaram aproximadamente 0,3 ponto percentual às expectativas de inflação para 2026, gerando um desalinhamento crescente das expectativas de inflação com as metas do BC.
Esse quadro, dizem os analistas, coloca o Banco Central sob pressão para realizar ajustes mais rápidos e intensos na taxa de juros, com projeções de altas adicionais ao longo de 2025.
Adicionalmente, segundo o relatório, as tensões comerciais globais, especialmente com a China, também representam um risco para o cenário econômico doméstico. A elevação de tarifas sobre importações chinesas, caso se concretize, pode depreciar ainda mais a moeda brasileira, diz o JP Morgan, intensificando as pressões inflacionárias e obrigando o BC a adotar medidas ainda mais drásticas.
Diante desse contexto, o relatório conclui afirmando que a abordagem gradual do Banco Central pode ser insuficiente para evitar que a inflação ultrapasse o limite superior da meta, não apenas em 2025, mas também no início de 2026.
Assim, dizem os analistas, a falta de sinergia entre as políticas fiscal e monetária dificulta o controle do cenário macroeconômico, exigindo uma postura mais decisiva em relação à taxa Selic para estabilizar as expectativas de inflação e a confiança dos agentes econômicos.