Na avaliação de especialistas do BB, a dificuldade de convergência da inflação para o centro da meta deve contribuir para uma “flexibilização mais lenta” da taxa Selic. Dessa forma, a expectativa é que a taxa básica de juros encerre o ano em dois dígitos.
A perspectiva da equipe de análise do BB é que a taxa Selic encerre este ano em 10,25% ao ano. Anteriormente, a previsão é que a taxa de juros da economia brasileira terminasse 2024 em 9,75% ao ano.
Além disso, os especialistas indicaram que a Selic deve ficar em dois dígitos até o primeiro trimestre de 2025. Apesar disso, o BB manteve a perspectiva de que os juros encerrem o próximo ano em 9% ao ano.
Justificativa para a nova previsão da Selic
Segundo o BB, ainda que o IPCA-15 (de 0,44%) tenha vindo “ligeiramente abaixo” das previsões de mercado (0,47%), os analistas do banco elevaram recentemente o cenário para o IPCA. Agora, a estimativa é que a inflação oficial do país encerre este ano em 3,8% — ante 3,7% na previsão anterior.
O principal fator para isso tem sido os efeitos da tragédia climática no Rio Grande do Sul sobre os preços no varejo e atacado, principalmente sobre os preços dos alimentos.
No entendimento dos analistas, “em que pese o processo desinflacionário em curso, permanece o desafio do Banco Central (BC) de levar a inflação brasileira para patamares mais próximos ao estabelecido pelo CMN (3,0%)”.
Em meio a isso, o entendimento é que, durante este ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central “deve manter uma postura mais cautelosa que vem sendo adotada nos últimos discursos, o que fará com que a taxa básica de juros permaneça em campo restritivo durante o ano”.
Apesar da estimativa para a Selic, os analistas citam que, caso o processo atual de desancoragem das expectativas se amplie até a próxima reunião do Copom — que deve acontecer em 18 e 19 de junho —, “não se pode descartar que o processo de flexibilização dos juros seja interrompido no patamar de 10,50% a.a”.
“Incertezas permanecem elevadas”, diz BB
Considerando a questão externa, os especialistas do BB comentam que, no mês de maio, “a volatilidade foi menos intensa”, mas “as incertezas permanecem elevadas, sobretudo em relação ao momento de início de ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos”.
Levando em conta o cenário interno, além da situação da Selic, o BB cita que a economia vem se mostrando “resiliente” no início de 2024. A expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) “deve se mostrar forte na próxima divulgação”.