O presidente do Banco Central (BC) acredita que estamos ‘no fim do processo’ de alta da Taxa Selic, devido ao aperto monetário mais cedo do que o resto do mundo.
Apesar disso, Roberto Campos Neto disse, no evento Valor 1000, que não pensa em reduzir a Taxa Selic no momento atual.
“No Brasil, como começamos o processo de aperto monetário mais cedo e de maneira rápida, existe a percepção de que estamos no fim do processo e um dos únicos países em que o mercado espera cortes de juros. A gente não pensa em corte de juros no momento. Pensamos em finalizar o trabalho e isso significa a convergência da inflação”, disse o presidente do Banco Central.
“O Banco Central entende que ainda há um elemento de preocupação grande com a inflação no Brasil”, acrescentou.
A taxa de juros atual, vale lembrar, é de 13,75%, e o mercado ainda discute os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom).
Ainda antes das eleições, em outubro, o Copom deve se reunir mais uma vez para ajustar a Selic. A estimativa do consenso, segundo o Boletim Focus, é de que a taxa termine o ano de 2022 no mesmo patamar da atualidade, de 13,75% – embora alguns analistas tenham divergências, projetando 14% de juros ao fim do ano.
Para 2023, a estimativa é de uma Selic de 11,25%.
Campos Neto, inclusive, citou a inflação em desaceleração nos últimos meses – fruto de medidas governamentais para conter o avanço dos preços, como o corte de impostos de diversos produtos.
Isso, aliás, ocasionou uma deflação nas últimas leituras do IPCA. Nesse contexto, o presidente do BC previu mais deflação nos próximos meses.
“A gente tem comunicado que a gente não pensa em queda de juros, mas finalizar o trabalho, que significa convergir a inflação. A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente por medidas do governo. Tem uma outra melhora que vem acompanhada disso, mas há um elemento de preocupação grande. Vamos passar por 3 meses de deflação, mas batalha não está ganha”, disse.
“A principal pergunta hoje é se o IPCA vai continuar alto com desaceleração econômica no mundo. Os ativos podem sofrer uma reprecificação com Fed e com desaceleração global”, seguiu.
‘Indicadores do mercado de trabalho são importantes para ajuste da Selic’
Falando sobre o cenário macroeconômico, Campos Neto também afirmou que a ociosidade no mercado de trabalho tem reduzido, o que pode mudar a percepção para o próximo Copom.
“Temos tentado entender na parte de serviços o que pode ser a pressão de salários sobre a inflação. Temos a sensação de que a ociosidade no mercado de trabalho está diminuindo. A ociosidade no mercado de trabalho é um dos pontos importantes para próximo Copom [que ajustará a Selic]. É preciso entender as implicações da queda na ociosidade no emprego para a inflação de longo prazo“, declarou Campos Neto.