A taxa de desemprego no trimestre de junho a agosto ficou em 14,4%, a mais alta da série histórica iniciada em 2012. O número de desempregados atingiu 13,8 milhões, aumento de 8,5% em comparação com o trimestre de março a maio. Ao todo, são cerca de 1,1 milhão de pessoas a mais à procura de emprego em comparação com o trimestre anterior. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de desemprego de 14,4% no trimestre encerrado em agosto apresenta aumento de 1,6 ponto percentual (p.p) frente ao trimestre de março a maio (12,9%) e 2,6 p.p em relação ao trimestre de junho a agosto de 2019 (11,8%). As informações foram coletadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
Por sua vez, o número de pessoas ocupadas no Brasil caiu 5% na comparação com o trimestre encerrado em maio, totalizando 81,7 milhões. Trata-se de uma retração de 4,3 milhões de brasileiros, esse é o menor contingente já registrado na série da pesquisa. Na comparação com o mesmo período no ano passado, a queda é de 12,8%, o que representa 12 milhões de pessoas a menos no mercado de trabalho.
“O cenário que temos agora é da queda da ocupação em paralelo com o aumento da desocupação. As pessoas continuam sendo dispensadas, mas essa perda da ocupação está sendo acompanhada por uma maior pressão no mercado”, afirmou a pesquisadora do IBGE, Andriana Beringuy.
Dessa forma, o nível de ocupação foi de 46,8%, também o mais baixo da série histórica, com queda de 2,7 p.p ante o trimestre anterior que havia registrado 49,5%, quando pela primeira vez na história da pesquisa, o índice havia ficado abaixo de 50%.
O número de empregados com carteira assinada caiu 6,5%, chegando a 29,1 milhões de pessoas, o menor contingente da série histórica. É uma retração de dois milhões de brasileiros com trabalhos formais.
Já a taxa de informalidade no trimestre encerrado em agosto foi de 38%, o que equivale a 31 milhões de brasileiros que trabalham por conta própria ou que não têm carteira assinada. No trimestre anterior, esse percentual foi 37,6%.
Na análise da pesquisadora, os dados da taxa de desocupação refletem a flexibilização das medidas de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus (covid-19).
“Esse aumento da taxa de desemprego está relacionado ao crescimento do número de pessoas que estavam procurando trabalho. No meio do ano, havia um isolamento maior, com maiores restrições no comércio, e muitas pessoas tinham parado de procurar trabalho por causa desse contexto. Agora, a gente percebe um maior movimento no mercado de trabalho em relação ao trimestre móvel encerrado em maio”, explicou Beringuy.