O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que nunca foi um “bolsonarista raiz”, mas que apenas concorda “com as ideias econômicas” do governo atual do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista à CNN, o governador eleito de São Paulo diz que recomendou ao chefe do Executivo que “deixe o casulo” para liderar a oposição crítica no país.
“Eu nunca fui bolsonarista raiz. Comungo das ideias econômicas principalmente desse governo Bolsonaro. A valorização da livre iniciativa, os estímulos ao empreendedorismo, a busca do capital privado, a visão liberal. Sou cristão, contra aborto, contra liberação de drogas, mas não vou entrar em guerra ideológica e cultural”, afirmou Tarcísio à CNN.
Tarcísio diz que incentiva o atual presidente a fazer uma oposição responsável e ser voz crítica. “Tenho muita gratidão pelo presidente e temos conversado quando vou a Brasília. Tenho falado muito da necessidade de ele sair do casulo, de se posicionar como liderança de centro-direita, de atuar na sucessão da mesa e fazer uma oposição responsável e ser voz crítica, por exemplo, da maneira como a PEC [do Estouro] foi apresentada”, apontou.
Tarcísio aponta erros de Bolsonaro: “Não vou fazer o que erramos no governo federal”
Tarcísio de Freitas foi nomeado ministro da Infraestrutura no primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro. Durante a liderança da pasta, foi amplamente prestigiado pelo presidente, que decidiu lançá-lo como “seu candidato” nas eleições ao Palácio dos Bandeirantes. O governador eleito de São Paulo levantou bandeiras ideológicas para atrair o eleitorado mais conservador do presidente e chegou a acompanhar motociatas de Bolsonaro, além da Marcha para Jesus em São Paulo.
Tarcísio, agora, busca distância da ala ideológica de Bolsonaro.
Ele defende a pacificação do país e se vê ‘contrariado’ com as críticas que recebe do público de Jair Bolsonaro. “O Brasil está muito tenso e dividido. Precisa pacificar. Quando o (ex-governador) Fleury morreu, postei uma mensagem nas redes sociais para confortar a família. Trata-se de um ex-governador do estado que eu vou governar. E recebi críticas. Em evento, com jantar com ministros do STF, STJ, TSE, TCU, na divisão das mesas, me botaram ao lado do ministro [Luís] Barroso. Queriam que eu me levantasse e saísse? Sou governador eleito de São Paulo. Vou conversar com ministros do STF”, criticou.
“Não vou fazer o que erramos no governo federal, de tensionar com os Poderes. Vamos conversar com ministros do STF. E Barroso é um ministro preparadíssimo, razoável. Sempre que eu, na condição de ministro [da Infraestrutura], precisei dele, ele ajudou o ministério. Sempre votou a favor das nossas demandas. Mas ‘os caras’ me esculhambaram”, afirmou.
Apesar de buscar distanciamento da imagem de Jair Bolsonaro, Tarcísio escolheu o deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) como secretário de Segurança Pública em seu futuro governo. Derrite, apoiador fiel do presidente Jair Bolsonaro, defende uma política linha-dura para combater a criminalidade.
“Estou inovando, colocando alguém que já esteve na Polícia Militar [Guilherme Derrite], que foi capitão da Rota, veio se aperfeiçoando, se aprofundando, que vai ser muito orientado por mim. Não queremos experimentos. Sobre a questão das câmeras, fui mais crítico na campanha, agora vamos segurar, vamos manter. Vamos ver o resultado e que ajustes a gente pode fazer”, ponderou.
Tarcísio quer Paulo Guedes como secretário da Fazenda em SP
Tarcísio convidou o atual ministro da Economia Paulo Guedes para assumir o cargo de Secretário da Fazenda em São Paulo. No entanto, o governador eleito disse ainda achar difícil que aceite o trabalho. Segundo ele, a tendência é de que o ex-assessor de Guedes, Samuel Kinoshita, seja o secretário.
“Para mim seria um luxo [ter Paulo Guedes como secretário de Fazenda]. Seria muito bom. O Brasil está crescendo e criando empregos. Estamos deixando o país com 74% de relação dívida/PIB. Mas acho muito difícil ele aceitar. Se for o caso, Samuel Kinoshita, que era da equipe do Guedes, coordenou o plano econômico e conduz a área de economia da transição, assumirá a posição”, disse Tarcísio.