O risco é iminente do talude norte da mina do Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), se romper. De acordo com os cálculos da Vale (VALE3), o fato virá a se concretizar ainda nesta semana. As informações são do “UOL”.
De acordo com o chefe da divisão de segurança de barragens de mineração de Minas Gerais da Agência Nacional de Mineração (ANM), Wagner Nascimento, o talude da Vale tem se movimentado a uma velocidade média de 7 centímetros (cm) por dia. A agência tem dúvidas se o rompimento ocorrerá de forma abrupta, ou se o processo se dará de forma lenta.
O talude é a encosta que fica entorno da cava da mina. Conforme a cava ganha profundidade com a retirada do minério de ferro, há a necessidade de tomar precauções para estabilizar em volta da cava, a fim de que não aconteçam movimentações não planejadas no terreno.
No fechamento do dia, a Vale era destaque negativo do índice acionário da B3, o Ibovespa. Com queda de 2,03%, as ações ordinárias (ON) da companhia eram comercializadas a R$ 46,75.
Rompimento repentino x gradual
Caso o talude se rompa repentinamente, a barragem de rejeitos, que fica a 1,5 quilômetros (km) da cava poderá sofrer ruptura de igual modo. Caso isso ocorra, uma nova inundação de lama poderia atingir o município de Barão dos Cocais. Tal barragem está em nível de alerta 3 (grau máximo) desde março.
Nascimento explicou ao portal que o talude já apresentava deslocamento desde 2012. E que a Vale estava monitorando a área. Contudo, no início, a movimentação era de cerca de 10 cm por ano.
Ao final de abril, foi verificada uma aceleração desta velocidade média, que passou para 5 cm por dia. Na véspera, o chefe de segurança de barragens da ANM que foi constatada a movimentação média de 7 cm por dia.
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Vale, Defesa Civil, e PMs fazem vigília
Ainda de acordo com Nascimento, a Vale realiza o monitoramento com radar, além de uma rede sismográfica, com geofones que medem a vibração entre a cava e a barragem.
“Quando a ANM foi informada, ligamos para a Defesa Civil, que intensificou os trabalhos por lá, com simulados e conferências. Porque, a população da zona de autossalvamento já está evacuada desde fevereiro, mas, por mais que você isole os acessos, as pessoas podem furar o bloqueio [e retornarem para a área de risco]. Estão mantendo a vigilância, com policiais militares (PMs) e vigias da Vale. Temos que torcer que não tenha nenhum impacto”, informou o funcionário da ANM.
Nascimento não soube especificar quanto tempo demoraria para a barragem ser afetada, caso o talude se rompesse abruptamente.
“O fator de segurança dela [da barragem] está bem aquém do que deveria. Agora, se [um possível reflexo da queda do talude na barragem] vai ser em horas ou repentino, é algo muito difícil de se dizer. Principalmente sem saber como está a barragem. Dependeria de uma ação rotineira de inspeção, que não está ocorrendo”, informou.
Defesa Civil de Minas Gerais
O integrante da coordenadoria geral de Defesa Civil, tenente Flávio Fagundes, falou contou à “Agência Brasil” que há 7 pontos de encontros definidos pela Defesa Civil e pela Vale, para onde as 6 mil pessoas da região devem se dirigir ao ouvir o sinal de alarme dos carros de som.
Fagundes completou que a retirada das pessoas será feita por meio dos veículos de transporte fornecidos pela Vale, a partir desses pontos específicos de recolhimento.
Vale e Brumadinho
O desastre de Mariana (MG) é considerado o maior do Brasil. O rompimento da barragem do Fundão provocou a morte de 19 pessoas, além de deixar centenas de outros indivíduos desabrigados em novembro de 2015.
O Rio Doce foi poluído por consequência dos rejeitos dos 55 milhões de metros cúbicos de lama que a barragem segurava. Tal rio, com leito de 853 quilômetros (km), percorreu diversas cidades, até desaguar no mar do Espírito Santo.
No mar, a poluição atingiu um raio de 80 km. A população atingida, desde Mariana até o mar, soma 1,2 milhão em 39 municípios entre Minas Gerais e Espírito Santos. Mais de dois mil hectares de terras foram inundadas, e, consequentemente, inutilizáveis para plantio.
A Samarco foi a empresa responsável pelo rompimento da barragem. A empresa é uma joint-venture (conjunta) entre a Vale e a BHP Billiton.
Quase quatro anos depois do desastre de Mariana, a barragem 1 de rejeitos da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) foi rompida no dia 25 de janeiro de 2019. A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, também é de propriedade da Vale.
Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 241 pessoas morreram com o rompimento da barragem da tragédia de Brumadinho.
O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte. A barragem da Vale rompida fazia parte do complexo de Paraopeba.