A Taesa (TAEE11) divulgará na próxima quarta-feira, dia 3 de maio, seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2023 (1T23). A companhia reúne alguma expectativa acerca de melhora nos números, dada as teses de algumas casas de que a ação é ‘cara’ nos patamares de preço atuais e a recente notícia de um follow-on bilionário.
O consenso Bloomberg projeta que o lucro da Taesa seja de R$ 184 milhões no 1T23, com R$ 546 milhões de Ebitda e uma receita de R$ 1,4 bilhão.
O BTG Pactual, que atualmente não cobre as ações da Taesa na sua área de análise, estima R$ 305 milhões de lucro líquido, ante mas um Ebitda menor, de R$ 504 milhões, e uma receita ainda mais modesta, de R$ 584 milhões.
O Santander, que também não tem parecer recente sobre a companhia, ressalta em sua prévia sobre o setor de utilities que tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 34,72. A casa estima R$ 283 milhões de lucro, R$ 509 milhões de Ebitda e R$ 603 milhões de receita líquida.
Se confirmadas as estimativas, o resultado dos primeiros três meses de 2023 revelam uma alta no lucro, ante um ganho de R$ 22,8 milhões registrado no quarto trimestre de 2022 (4T22). No acumulado de 2022, a companhia elétrica havia gerado R$ 2,22 bilhões em receita, um avanço de 21% contra 2021.
Voltando para este ano, para o setor elétrico de um modo geral, a XP espera que “do lado das geradoras de energia, seja um trimestre mais forte no comparativo anual com forte geração hídrica e eólica. O primeiro trimestre de 2023 foi marcado por uma hidrologia favorável com alta dos reservatórios e incremento de geração hídrica”.
Cotação TAEE11
Contudo, para o segmento de transmissão de energia – no qual a Taesa atua -, a casa não espera “grandes surpresas”. A recomendação da XP é neutra para TAEE11, com preço-alvo de R$ 37.
“Apesar da previsibilidade dos fluxos de caixa e estabilidade na distribuição de dividendos, acreditamos que a Taesa possui poucas oportunidades de crescimento devido a leilões com TIRs mais comprimidas e ao fato do papel estar negociando a patamares que consideramos acima do justo (desempenho 22% superior em relação ao Índice Ibovespa em 2022)”, destaca a analista Maíra Maldonado.
“A companhia tem um ano de entregas, com quatro novas linhas de transmissão entrando em operação e aproximadamente R$ 330 milhões de RAP adicional”, completa.
Genial destaca Taesa como ‘bem precificada’
A Genial Investimentos, da mesma forma, mantém recomendação neutra, mas com preço-alvo de R$ 35.
Em parecer logo após a notícia do aumento de capital da companhia, os analistas da casa destacaram um patamar de preço pouco atrativo.
“É claro que achamos o case da Taesa como muito bem sucedido. Entretanto, aos atuais níveis de preço, não gostaríamos de participar da capitalização da empresa caso essa possibilidade venha a se provar mais do que um rumor. Primeiro ponto a ser levantado é a ideia de uma possível capitalização depois de anos marcados pelo expressivo pagamento de dividendos, mostrando que a empresa não foi eficiente na alocação dos seus recursos – emissão de ações diluem a sua atual base de acionistas e tem custos”, disseram, ainda em abril.
Segundo os especialistas da Genial, a companhia é a mais bem precificada do setor. Além disso, eles chamam atenção para o patamar atual de endividamento da empresa.
Atualmente são cerca de R$ 9 bilhões em dívida líquida, ante cerca de R$ 7,1 bilhões da Isa Cteep (TRPL4) e cerca de R$ 6,65 bilhões da Alupar (ALUP11). Em termos de alavancagem, a Taesa mostra 3,6x seu Ebitda, ante 2,9x e 3,2x dos pares, respectivamente.
Safra e BBA mantém cautela após 4T22
O Banco Safra e o Itaú BBA, que deram seus últimos pareceres acerca da empresa na última temporada de resultados, também citam o valuation atual ao manter as recomendações atuais para os papéis da elétrica.
O Safra tem recomendação neutra ao passo que o BBA recomenda venda (underperform). Os preços-alvo são de R$ 34,60 e R$ 35,95, respectivamente.
“Temos uma recomendação Neutra para a Taesa, principalmente por valuation. A empresa é negociada a uma TIR justa de 6,9% e não vemos catalisadores operacionais de curto prazo que possam desencadear uma reavaliação das ações”, diz o Safra.
“No geral, a Taesa continua sendo um bom play de dividendos (rendimento médio de dividendos de 8,7% para 2022-2024) e uma opção de baixo beta para um mercado altamente volátil”, completa.
O BBA, além disso, destaca o patamar atual de endividamento da companhia.
“A Taesa está sendo negociada a uma TIR implícita de 6,9% (vs. 9,1% para TRPL4, 11,3% para ALUP11 e 6,3% rendimento dos títulos do Tesouro Brasileiro), e é um dos nomes que mais tem superado a cotação no acumulado do ano em relação a outros nomes do setor de utilities”, diz o Itaú BBA.
“Vemos a Taesa como tendo alavancagem pressionada (acima de 4x dívida líquida/EBITDA até 2026) devido aos seus desembolsos significativos de capex para projetos em construção. Além disso, acreditamos que os próximos leilões podem criar um risco negativo para o nome, principalmente se continuarmos vendo lances agressivos”, completa.