Recentemente a Taesa (TAEE11) anunciou que não participará do leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no próximo dia 28 de março. Na ocasião, o próprio presidente da companhia justificou a ausência no certame por conta do ‘patamar de endividamento da empresa’.
Esse cenário mostra uma ‘sinuca de bico’ da Taesa, segundo Tiago Reis, Chairman e Fundador da Suno. O especialista destaca que a companhia tem uma média de tempo das concessões que é mais curta do que seus pares e, ao mesmo tempo, a companhia também precisa remunerar seus acionistas com dividendos.
“Qual é o desafio da empresa? É como aumentar o prazo médio das concessões, que hoje é de sete anos. Se a companhia não fizer nada, daqui sete anos a receita cai para quase zero e os investidores ficam sem dividendos“, explica.
“Muitos investidores compraram TAEE11 por causa dos dividendos, e isso é compreensível, só que as pessoas precisam entender de onde vem esses proventos. No caso da Taesa eles vêm das concessões, só que depois disso essa receita cai, e boa parte dos investidores não tem conhecimento disso”, completa.
Tiago Reis ainda acrescenta que o patamar de endividamento da companhia – que fica em 3,7 vezes seu Ebitda – não é tão alto, mas é suficiente para acender um sinal amarelo.
Taesa fora dos leilões é decisão difícil, mas correta
Sobre os leilões, Reis aponta que há uma competitividade grande, o que poder forçar a companhia a pagar mais do que deve em um ativo e fazer um mau negócio para cumprir seu objetivo de alongar o prazo médio.
“Acredito que a companhia, aliás, tomou uma decisão sábia de não entrar [nos leilões]. É melhor não fazer negócio do que fazer um mau negócio”, comenta.
A expectativa é de que a receita e os dividendos da Taesa sejam “cada vez menores” se esse cenário de leilões competitivos se perpetuar.
“Não necessariamente isso é ruim, pior é se a empresa fizesse maus negócios e entrasse em projetos que a rentabilidade não viria. Mas tem muito investidor ignorando esse fator e achando que os dividendos da Taesa dos últimos 12 meses se repetirão nos próximos 12 anos”, conclui Tiago Reis.