Se o lucro da TAESA (TAEE11) encolheu no 4T22, por que analistas veem resultados fortes?
A Taesa (TAEE11) reportou na noite de ontem (15) uma queda de 94,6% no lucro líquido do quarto trimestre de 2022 (4T22), com R$ 22,8 milhões. Diante disso, hoje as ações da companhia caem 3,06%, cotadas a R$ 36,09. No entanto, analistas apontam resultados operacionais fortes e não cortaram suas recomendações para a TAEE11.
Segundo Vitor Sousa e Israel Rodrigues, analistas da Genial Investimentos, os resultados da Taesa mostraram um operacional sólido, em linha com o consenso do mercado e das expectativas da casa. Reforçando, assim, a “previsibilidade da empresa” em geração de valor.
“Pelas nossas estimativas, vemos a Taesa negociando com uma Taxa Interna de Retorno Implícita de 8,5% em termos reais, contra 6,4% das NTN-B 2055 [Nota do Tesouro Nacional tipo B] e, com potencial de retorno em relação ao preço alvo considerando nossa estimativa de 9,7% de dividend yield para 2023″, escrevem.
Com isso, a Genial mantém a recomendação de manter para as ações da Taesa, com preço-alvo a R$ 35 — downside de -5.46% em relação ao último fechamento (R$ 37,02).
E os dividendos da Taesa?
Os analistas dizem não estar preocupados com os dividendos da Taesa. A companhia divulgou, junto aos resultados do 4T22, R$ 26 milhões (R$ 0,08 / Unit) a serem distribuídos a título de dividendos mínimos obrigatórios remanescentes. Em janeiro, já foram distribuídos R$ 460,0 milhões (R$ 1,34 / Unit) em remuneração aos acionistas.
“A Taesa convocará a Assembleia de Acionistas para aprovar os resultados do exercício social de 2022 e a sua proposta de destinação. Caso seja aprovada em Assembleia, o total de dividendos e JCP distribuídos referente ao exercício social de 2022 será de R$ 1,24 bilhão (R$ 3,61 / Unit), representando um payout de 85,9% do lucro líquido do exercício”, disse a companhia em seu relatório de resultados.
Segundo a Genial, os dividendos da Taesa são anunciados e distribuídos em relação ao lucro líquido societário (IFRS), sendo que o mesmo é afetado pela movimentação da conta “Ativo Financeiro” (que considera contabilmente a geração de valor futura das linhas de transmissão no balanço da empresa).
“Ou seja, apesar do lucro societário ter sido amassado por essa questão, não observamos esse fato como uma estrita mudança de fundamentos na Taesa a medida que o fluxo de caixa continua regular. É importante lembrar que o caixa, que eventualmente não é distribuído hoje por causa de um baixo resultado societário, é preservado na empresa para distribuições futuras ou investimentos em novos projetos.”
Alavancagem preocupa BBA e BTG
Por outro lado, os analistas do Itaú BBA e do BTG Pactual (BPAC11) reforçam que a alavancagem da Taesa é uma das mais fortes entre as empresas pares de utilities.
“Após os fartos dividendos pagos nos últimos dois anos (com base nos resultados IFRS), a alavancagem subiu para níveis menos confortáveis (3,8x Dívida Líquida/EBITDA no 4T22)”, escrevem Joao Pimentel e equipe de analistas do BTG.
Já Marcelo Sá e a equipe de analistas do Itaú BBA projetam a Taesa tendo uma alavancagem pressionada (acima de 4x até 2026) devido aos desembolsos significativos de capex para projetos em construção. “Além disso, acreditamos que os próximos leilões podem criar um risco negativo, principalmente se continuarmos vendo lances agressivos”, pontuam.
Com isso, o Itaú mantém a recomendação neutra para as ações da Taesa, com preço-alvo a R$ 35,95. Já o BTG, tem recomendação de venda com preço a R$ 35.