Diante da repercussão sobre a possível aquisição da International Paper (IP), o BTG Pactual reforçou recomendação de compra para os papéis da Suzano (SUZB3), afirmando que a “gestão merece o benefício da dúvida”. O BTG prevê valorização de 74% nos preços das ações.
Desde que foi noticiado o interesse na International Paper, a ação da Suzano perdeu quase 25% de seu valor (equivalente a R$ 20 bilhões em valor de mercado).
“Algumas semanas atrás, argumentamos que a Suzano é a produtora de papel e celulose mais descontada globalmente, com a empresa agora sendo negociada perto de seus múltiplos históricos mais baixos (4,5x Ebitda 25)”, comentam os analistas.
Para o banco, o desconto do papel da Suzano é claramente injustificado nos fundamentos, sendo a companhia o produtor de maior qualidade na indústria, baseado em curvas de custo, rentabilidade, retornos.
“Argumentamos extensivamente que a história de ações de curto prazo agora é altamente binária (payoffs simétricos; potencial de alta/baixa semelhante de 15%). Isso é lamentável, pois vemos um valor profundo no nome em um horizonte mais longo”, dizem os analistas.
Além disso, o BTG considera que um suposto acordo com a IP é complexo. Dessa forma o preço das ações da Suzano provavelmente está assumindo uma maior probabilidade de que o acordo realmente se materialize do que sua realidade.
“À medida que o tempo passa, a diferença entre a IP e a Suzano está aumentando, complicando ainda mais a situação, já que o valor de mercado da IP agora é aproximadamente 35% maior que o da Suzano. Alguns analistas atualmente possuem um preço-alvo (TP) para a IP na faixa de US$ 55-60/ação, o que implica uma relevante valorização, e que o nível para uma venda também é muito alto”, afirma o banco.
No atual contexto, o BTG recomenda compra, com preço-alvo de R$ 82 para os papéis da Suzano, negociadas hoje a R$ 48.
Suzano: BTG prevê dois cenários para as ações
O BTG Pactual delineou dois cenários possíveis para a Suzano. No primeiro, se o acordo com a IP não se concretizar devido a várias complicações, incluindo o preço, os analistas acreditam que as ações da empresa recuperariam parte de suas perdas e poderiam rapidamente subir para acima de R$ 55 por ação, resultando em um potencial de alta de curto prazo de aproximadamente 15% a 20%.
No segundo cenário, caso o acordo avance e seja aprovado com uma oferta na faixa de R$ 50-55 por ação, o banco prevê que haveria uma queda residual. Isso ocorreria à medida em que os investidores assimilassem a transação, compreendessem o potencial de sinergia e analisassem os cenários de balanço patrimonial da empresa.
Nesse contexto, os analistas projetam que as ações podem cair mais 10% a 15%, pois os investidores poderiam inicialmente desconsiderar grande parte do prêmio pago pela aquisição da International Paper. “Portanto, parece que já há muito dano precificado nas ações nos níveis atuais, mas ainda vemos um payoff de curto prazo simétrico nas próximas semanas”, afirma o BTG.
Suzano confirma interesse em comprar International Paper
Em maio, a Suzano confirmou que tem interesse nos ativos da International Paper (IP).
Apesar disso, a Suzano declarou que “não existe qualquer acordo, vinculante ou não, tampouco qualquer decisão ou deliberação dos órgãos de administração da companhia em relação a uma potencial operação, que contenham o mínimo de materialidade necessário à configuração de um fato relevante“.
Na véspera as ações SUZB3 afundaram cerca de 6% em função de uma notícia de bastidores da Reuters de que a companhia de papel e celulose estudava aumentar sua oferta inicial – que seria de US$ 15 bilhões, mais de R$ 75 bilhões no câmbio atual.
Dívida da companhia beira R$ 60 bilhões
A companhia vem sendo penalizada pelo mercado já que, na eventualidade dessa aquisição se concretizada, a empresa teria de desembolsar muito caixa e aumentar drasticamente sua alavancagem.
A empresa terminou o primeiro trimestre de 2024 com uma dívida líquida de R$ 59,6 bilhões, um aumento de pouco menos de R$ 5 bilhões ante os R$ 55,5 bilhões registrados ao fim de 2023.
Em termos de alavancagem, essa divida representa 3,6 vezes o Ebitda da companhia. O indicador também avançou no trimestre, já que, três meses antes, ao fim de 2023, a alavancagem da Suzano era de 3 vezes seu Ebitda, e em igual etapa do ano anterior era de 1,9 vezes.
Desempenho anual das ações da Suzano
Cotação SUZB3