Acontece, neste domingo (13), um referendo na Suíça que propõe acabar com os subsídios aos agricultores que usam pesticidas sintéticos. A campanha, que nasceu em 2016 com o nome “Por uma Suíça sem pesticidas químicos”, vem de produtores orgânicos e ambientalistas que não usam produtos químicos.
Duas iniciativas estão em pauta. A primeira propõe suspender por 10 anos os subsídios aos agricultores que usam produtos dessa natureza, enquanto outra prevê a extinção desse benefício. A Suíça pode se tornar o segundo país no mundo a proibir pesticidas.
A campanha tomou notoriedade nos últimos cinco anos, conseguindo apoio no Parlamento, que chamou o referendo popular. Os apoiadores da causa alertam para níveis preocupantes de pesticidas na água e danos a plantas, insetos e animais.
Caso as iniciativas sejam aprovadas, os agrotóxicos serão proibidos em todas as atividades do setor, desde a agricultura até jardinagem.
O uso de pesticidas e a defesa corporativa
Na prática, pesticidas são agentes químicos ou biológicos usados para controlar pragas no agronegócio. Embora melhorem a aparência física dos produtos e potencialmente aumentem as colheitas, são feitos diversos questionamentos sobre impactos na saúde por conta da ingestão desses produtos.
Se o povo suíço decidir pela proibição, será de maior impacto global do que a decisão do Butão em 2013, já que a Suíça é a casa do maior fabricante de pesticidas do planeta, a Syngenta (NYSE: SYT).
Dentre outras empresas do segmento, a multinacional está realizando campanhas no país para ressaltar os benefícios do uso desses produtos químicos na produção de alimentos. O governo e grandes associações de produtores também fazem campanha para que os eleitores rejeitem as iniciativas.
De acordo com a Associação Suíça de Agricultores, o uso de pesticidas químicos já caiu 40% nos últimos 10 anos no país. Contudo, eles ainda são necessários para combater pragas e doenças comuns, disse a associação à agência de notícias SWI Swissinfo neste mês.
A estimativa da associação é de que, caso o projeto seja aprovado, a produção de alimentos cairia de 20% a 30%. A reposição de alimentos também ficaria comprometida, uma vez que a importação de alimentos produzidos com os agrotóxicos também seria proibida.
A democracia da Suíça, com 8,6 milhões de habitantes, permite que todas as grandes decisões dessa natureza sejam realizadas nas urnas.
Para isso, é necessário que o projeto tenha 100 mil assinaturas — o texto dos agrotóxicos superou a marca em 21,3 mil assinaturas. Além do tema das pesticidas, o povo também votará, neste domingo, uma nova lesgislação anti-terrorista, novo imposto sobre combustíveis fosséis e financiamento emergencial da Covid-19.
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