O Produto Interno Bruto (PIB) da Suécia caiu 8,6% no segundo trimestre de 2020. A queda foi menor do que na zona do euro onde a queda no período foi de 12,1%.
A informação sobre o andamento do PIB foi divulgada nesta quarta-feira (5) pelo Escritório Nacional de Estatística de Estocolmo, capital da Suécia.
O principal fator que levou à esses resultados diferentes foi o fato que a Suécia não impôs quarentena para a população, nem um bloqueio total para conter a pandemia do novo coronavírus (covid-19), o chamado “lockdown“. Enquanto todos os outros países da zona do euro decidiram tomar essa medida drástica de fechamento de suas economias.
Em abril passado, a decisão de não adotar nenhum tipo de quarentena ou lockdown causou grande polêmica na Suécia. Aparentemente, a escolha de não fechar o país do norte da Europa permitiu limitar os danos econômicos.
Todavia, essa permanece a pior queda na economia sueca nos últimos 40 anos, mesmo se o colapso no segundo semestre apareceu muito mais contido do que a contração catastróficas das economias da Espanha (-18,5%), Itália (-13,8%) e França (-12,4%).
A Alemanha, por outro lado, teve um desempenho ligeiramente melhor (-10,1%), mas ainda está atrás do resultado sueco. Apesar da contração, a Suécia ainda não está tecnicamente em recessão, uma vez que no primeiro trimestre teve um crescimento de 0,1%. Uma economia é considerada em recessão somente quando o PIB se contrai por dois trimestres consecutivos. Em 2020, segundo o Escritório Nacional de Estatística, a economia sueca deverá se contrair de 5%.
Enquanto tirando a controvérsia entre os prós e contras da decisão sueca, a maioria das grandes empresas do país divulgaram lucros melhores do que o esperado nos últimos dois trimestres. Da Nokia até a Ericsson, passando pela Elettrolux, líder mundial em eletrodomésticos, ao banco Handelsbanken, à cadeia de equipamentos Assa Abloy. Todos desempenharam melhor do que o esperado.
Veja também: Alemanha tem queda histórica de 10% do PIB no 2T20
A Suécia não é o único país do mundo que tenta enfrentar a pandemia sem quarentena ou lockdown. A Coréia do Sul, um dos primeiros países a serem afetados pelo coronavírus, atuou uma estratégia similar, mas com um controle capilar sobre a movimentação da população, possível graças a grande difusão da tecnologia entre seus cidadãos.
Suécia não quis o lockdown para proteger o PIB
As autoridades de Estocolmo sempre insistiram que a estratégia contrária ao lockdown não visava defender a economia, mas tinha como objetivo chegar a um “contágio gradual” e conquistar mais rapidamente a imunidade de rebanho. A estratégia acabou sendo muito questionada por cientistas do mundo inteiro.
Com 5.760 mortes e 81.540 casos de coronavírus comprovados, a Suécia está entre os países mais afetados em relação à população de 10 milhões de habitantes. No entanto, no mês passado, tanto as mortes quanto os casos diminuíram drasticamente.
Saiba mais: Como a Coréia do Sul conseguiu enfrentar o coronavírus sem lockdown
Entretanto, mesmo sem quarentena ou lockdown, o que a Suécia não conseguiu evitar foram as consequências econômicas da paralisação do comércio mundial, que levou a um colapso das exportações, assim como a queda das cotações das principais commodities exportadas pelo país. A nação do norte da Europa é uma das mais abertas do mundo ao comércio mundial, com uma proporção superior a 90% do seu PIB ligada as transações com o exterior. Além disso, outro fator impossível de evitar foi a queda do turismo, que resultou em uma redução na atividade econômica do setor dos serviços e acabou afetando também o resultado do PIB do último trimestre.
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