Mais de 30% das startups não têm negros: como fomentar a diversidade?

Empresas disruptivas, com DNA inovador e modelos de negócios modernos. Essas são características que costumam ser atribuídas a startups. Nesse sentido, muito se fala em diversidade e equipes múltiplas para fomentar o espírito inovador. 

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2021/11/Banner-Noticias-1000x325-1-1.jpg

São diversas as startups que abordam publicamente compromissos com a diversidade, seja ela de gênero, cor, orientação sexual, idade e cultural. Porém, estudos recentes mostram que, na prática, as empresas modernas e inovadoras estão longe de ser diversas e inclusivas. 

Em estudo recente, a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) identificou que embora a maioria das startups respondentes (96,8%) dissessem apoiar a diversidade, apenas 39,3% delas têm ações para o tema. 

Ao perguntar sobre a presença de diversidade no quadro de funcionários, os dados da Abstartups mostram o seguinte: 

  • 31,2% das startups não têm funcionários negros
  • 19% delas não possuem mulheres entre os funcionários; 
  • 62,3% das startups não têm funcionários com mais de 50 anos
  • 90,8% não contam com pessoas transgêneras na equipe; e 
  • 92% das startups não têm PCDs no quadro de funcionários. 

O levantamento ouviu 2.486 startups no Brasil, entre os meses de agosto e setembro. Para além do quadro de funcionários, entre os fundadores, os números também indicam a dificuldade da diversidade na prática. 

Segundo um estudo realizado pelo BVA Advogados – que analisou as características e contingências jurídicas encontradas em startups -, de 154 startups analisadas, apenas 6,45% delas possuem mulheres em seus respectivos quadros societários. 

Diversidade faz parte do negócio das startups

Estimular a diversidade, entretanto, tem se tornado cada vez mais tendência entre as empresas. Hoje, há estudos que mostram como uma empresa diversa, nos mais variados temas, é mais lucrativa e gera maior retorno financeiro. 

>>BAIXE O RELATÓRIO EXCLUSIVO SOBRE STARTUPS

Segundo Beatriz Cloud, advogada especialista em Direito Empresarial do BVA Advogados, não há mais espaço no mercado atual para empresas que não trabalham temas de diversidade. “Nenhuma empresa quer ter como parceiro comercial uma startup que pactua com um modelo discriminatório”, diz. 

Essa postura é uma resposta às cobranças sociais pelo tema. Basta um pequeno indício de que uma empresa acoberta atitudes racistas, homofóbicas ou preconceituosas em qualquer sentido, para que ela seja cancelada nas redes sociais e prejudicada em sua imagem, causando sérios danos para os negócios. 

Além disso, há oportunidades financeiras envolvidas no tema. “A diversidade no ambiente corporativo é também um atrativo para os investidores. Uma startup que não leva essa pauta em consideração tem perda financeira”, diz Cloud. 

A especialista também destaca a evolução do próprio negócio ao se engajar no assunto. “As empresas preocupadas em melhorar a diversidade conseguem montar um grupo de profissionais com experiências diferentes de vida, isso engrandece e alavanca a produção empresarial no final das contas”.

Integração com políticas ESG 

Diversidade e inclusão não é mais um tema isolado. A prática vem acompanhada de outros valores corporativos nos tempos atuais, que são os de governança corporativa e sustentabilidade. 

A sigla ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) se tornou mandatória no meio empresarial. Investidores, gestores de fundos e grandes companhias passaram a exigir melhores práticas ESG para alocar recursos ou firmar parcerias comerciais. 

E, diversidade e inclusão estão contidas nesta sigla, no S, de Social. Promover equidade de gênero, de cor, maiores oportunidades para diferentes idades, culturas, entre outras ações, faz parte do repertório das melhores companhias. 

>>ACESSE O RELATÓRIO COMPLETO 

Valentina Lima, do time de societário e M&A do BVA Advogados, ressalta que a implementação de boas práticas não se resume à contratação. 

“São necessárias ações diárias das empresas, como a criação de programas de atração e retenção de talentos, comunicação interna para alinhar a cultura de inclusão, desenvolvimento de lideranças dentro do grupo minoritário e também para atender o grupo minoritário”, diz. 

Para as startups, o alinhamento com a pauta de diversidade e inclusão é um passo natural dentro da proposta de ser uma empresa inovadora e moderna. Trata-se de uma tendência que é reflexo da sociedade em que vivemos e que deve ser incorporada pelas empresas que desejam crescer e serem reconhecidas. 

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2021/09/960x136-1-1.png

Monique Lima

Compartilhe sua opinião

Receba atualizações diárias sobre o mercado diretamente no seu celular

WhatsApp Suno