De olho na corrida de investidores à Bolsa de Valores de São Paulo (B3), startups e pequenas empresas, que ainda não dão lucro ou até registram prejuízos, vislumbram a oportunidade de capitar bilhões de reais para financiar as operações. Apenas nas últimas semanas, a empresa de e-commerce Wine, o aplicativo de cupons e cashback Méliuz, a plataforma de roupas Enjoei, a imobiliária online Housi e a geradora de conteúdo Mosaico registram pedidos de oferta inicial de ação (IPO, em inglês) ou prospectaram a intenção de.
O movimento dessas startups na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) é positivo, de acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias. Para eles, a entrada de empresas novas e pequena aumenta a oferta para os investidores e, pelo lado das empresas, conseguem ampliar a possibilidade de captação. “Isso é super positivo para o mercado e para as empresas”, disse Henrique Esteter, analista da Guide.
Segundo o analista da Guide, essas companhias iniciantes possuem uma necessidade maior de caixa, que pode casar perfeitamente com a necessidade dos investidores em adquirir novas empresas.
“Primeiro você abre um leque de opções maior no cenário doméstico já que temos poucas de empresas listadas comparadas com economias até menores que a brasileira”, afirmou.
“Ao mesmo tempo, para as empresas, é uma ótima forma de encontrar capitalização. Essas empresas têm uma necessidade maior de serem capitalizadas já que elas ainda não têm uma geração de caixa muito robusta e apresentam até prejuízos constantes”, disse.
Para Leonardo Teixeira, sócio da Iporanga Ventures, a classe de ativos de tecnologia passou a ter mais importância graças a crise causada pelo novo coronavírus (covid-19). Com isso, as gestoras olham com mais boa vontade para os ativos, reservando um espaço maior para o setor nas carteiras.
“Com a pandemia, essas empresas cresceram anos em poucos meses sedimentando essas mudanças de comportamento que acreditamos que vão perdurar nesse pós-pandemia”, afirmou. “Portanto, essa classe de ativos passa a ter maior importância nos portfólios”, completou o sócio da Iporanga.
Startups pretendem captar bilhões lançando ações
A intenção das empresas é simples: conseguir captar mais dinheiro para expandir as operações e, também, encher o bolso de alguns dos seus criadores.
A maior das empresas de tecnologia a ir para o IPO é a Wine. Com um IPO de cerca de R$ 1 bilhão, a empresa que comercializa vinhos online deve destinar o montante tanto para a operação, quanto para os sócios fundadores e investidores da companhia. Por isso, a oferta será primária e secundária.
Apesar de ser uma empresa de tecnologia, a Wine já dá lucro. Nos primeiros seis meses do ano, a companhia registrou alta de quase 30% no lucro ante o mesmo período de 2019, a R$ 70 milhões. A receita no mesmo período foi de R$ 146 milhões.
A Mosaico, que é proprietária dos sites Zoom, Buscapé e Bondfaro, irá abrir o capital na Bolsa. Segundo informações do “Brazil Journal”, a companhia poderá captar até R$ 5 bilhões. A companhia trabalha para gerar conteúdo e, assim, vendas ao varejo. A Mosaico teve receita líquida de R$ 114 milhões em 2019 e Ebitda de R$ 50 milhões no mesmo ano.
“Nessa onda veremos companhias bem relevantes, a mais de R$ 100 bilhões, como é o caso da Havan, mas ao mesmo tempo há companhias que muitas das vezes não chegam a R$ 1 bilhão”, disse Henrique Esteter, analista da Guide.
Para as menores, a avaliação também é positiva, apesar de os montantes captados serem de menor expressão.
A imobiliária online Housi, que aluga locais por noite, foi criada pela Vitacon, mas a gestão optou pela empresa caminhar de maneira separada da incorporadora. Caminho livre então para tentar captar mais um montante no mercado através do IPO.
Apesar de ainda não haver uma projeção de quanto a companhia conseguirá levantar, especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias afirmam que a Housi deverá ficar na casa dos R$ 1 bilhão. A empresa teve lucro de R$ 9,9 milhões no primeiro semestre deste ano.
Já a empresa de cupons e cashback Méliuz ainda é recente no negócio de gerar lucro. A receita nos primeiros seis meses do ano foi de R$ 62,2 milhões, enquanto o lucro (o primeiro registrado) ficou em R$ 12,7 milhões.
Enquanto a Méliuz acaba de operar no azul, a a plataforma de roupas Enjoei, um dos pedidos IPOs mais comentados dos últimos dias, ainda opera no vermelho.
A Enjei teve um prejuízo de R$ 4,6 milhões no ano passado, de acordo com informações do “Valor Econômico” e receita de R$ 37 milhões no mesmo período -sinal de que algumas dessas startups ainda têm um longo caminho pela frente.