Segundo informações do jornal Valor Econômico, a rede de supermercados St Marche – sob o comando do fundo de private equity L.Catterton – negocia a aquisição da Hortifruti Natural da Terra, que é detida pela Americanas (AMER3).
As negociações para a compra da Natural da Terra podem ser favoráveis para a companhia, dado que a varejista está em recuperação judicial e soma uma dívida total de R$ 42,5 bilhões.
Os termos da venda da estão estimados em cerca de R$ 700 milhões, conforme fontes não identificadas. As negociações exclusivas teriam iniciado ainda na semana passada.
Para viabilizar essa operação, a St Marche tem explorado opções de financiamento. No entanto, a obtenção do capital ainda está em discussão.
O setor vê a possível aquisição da Natural da Terra como uma adição complementar à operação da St Marche.
Atualmente, a St Marche opera 31 lojas, enquanto a Hortifruti Natural da Terra possui 75 estabelecimentos.
A bandeira Hortifruti tem uma presença mais forte no Rio de Janeiro, enquanto a Natural da Terra e a St Marche têm maior concentração em São Paulo.
Incorporação da Natural da Terra pode dificultar as coisas
Entretanto, há desafios financeiros, uma vez que a Natural da Terra já foi totalmente incorporada à rede Americanas, o que pode complicar o processo.
A Americanas adquiriu a Natural da Terra em meados de 2021 como parte de sua estratégia de diversificação, pagando R$ 2,1 bilhões, um preço considerado elevado à época.
A venda da Natural da Terra será realizada por meio de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), um formato que isola o comprador de contingências associadas à Americanas, proporcionando maior segurança ao adquirente.
A Americanas tem vendido ativos para reunir recursos e ajustar sua estrutura de capital, atendendo às demandas dos credores.
A empresa também buscou vender a Uni.Co, detentora das marcas Imaginarium e Puket, mas suspendeu essa operação devido à falta de propostas adequadas.
O Citibank foi designado para buscar compradores para os ativos não estratégicos do grupo.
O processo de recuperação judicial da Americanas já se estende por mais de nove meses. Com negociações desafiadoras, especialmente com os bancos credores, um acordo parece estar próximo.
A empresa planeja divulgar seu balanço de 2022 em 13 de novembro, cerca de duas semanas após a data originalmente prevista (31 de outubro).
Com o balanço auditado e publicado, a expectativa é de que seja firmado um acordo, no qual os acionistas controladores – Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles – comprometam-se a injetar R$ 12 bilhões na Americanas.
Desse montante, R$ 2 bilhões referem-se a um empréstimo já concedido na modalidade debtor-in-possession (DIP). Os bancos, por sua vez, converterão o mesmo valor (R$ 12 bilhões) da dívida em ações, tornando-se acionistas da empresa.
O St Marche optou por não comentar a situação sobre a compra da Natural da Terra, e a Americanas não emitiu comunicado a respeito.