A agência de classificação de risco S&P Global Ratings rebaixou nesta terça-feira (7) a nota de crédito da dívida soberana da Argentina para o nível de “calote seletivo”.
O rating em moeda estrangeira de longo prazo da Argentina passou de “CCC-” para “SD”. A decisão chega um dia após o governo do presidente Alberto Fernandez decidir adiar o pagamento de até US$ 10 bilhões (cerca de R$ 52 bilhões) em juros da dívida emitida em dólares sob a lei local. O decreto de “necessidade e urgência” postergou para 2021 o pagamento da dívida como uma tentativa de aliviar a pressão sobre as reservas em moeda estrangeira.
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Para os critérios da S&P Gobal Rating isso se configuraria como um calote. A agência de classificação de risco salientou que a crise gerada pela pandemia do coronavírus (covid-19) exacerbou a já estressada necessidade do país vizinho de recursos fiscais.
“Não há perspectiva para a nota de longo prazo em “SD”, mas poderíamos elevar os ratings após a apresentação de uma abrangente reestruturação da dívida comercial em moeda estrangeira da Argentina, atualmente em formulação, e após sua aceitação pelos credores”, salientou a S&P em sua decisão de revisar a dívida da Argentina.
A S&P Global Ratings é a segunda agência de classificação de risco internacional que rebaixa a nota da Argentina. Na última segunda-feira (6), após o anúncio do governo, a agência Fitch também rebaixou a nota de crédito de longo prazo do país vizinho, passando de CC para “default restrito”.
Mais um calote da Argentina
O decreto de necessidade e urgência que postergou o pagamento dos juros da dívida em dólar não irá afetar a dívida de cerca de US$ 70 bilhões emitida sob a jurisdição da lei internacional.
O governo argentino está atualmente renegociando a reestruturação desse montante com os credores.
“A crise de saúde mundial gerada pela pandemia do coronavírus Covid-19 alterou os prazos previstos oportunamente no ‘Cronograma de ações para a gestão do Processo de Restauração da Sustentabilidade da Dívida Pública Externa'”, publicou o governo argentino no Diário Oficial explicando a medida de não pagar os juros da dívida.
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Desde que foi eleito, o presidente Fernández, salientou que a dívida argentina não é pagável até que a economia nacional não se recupere da recessão dos últimos dois anos. No total, o país tem US$ 83 bilhões em dívida em moeda estrangeira seja sob a jurisdição de leis locais que internacionais.
O principal credor da Argentina é o Fundo Monetário Internacional (FMI). A organização internacional baseada em Washington também reconheceu a insustentabilidade da dívida de Buenos Aires.
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