S&P 500 e Nasdaq recuam após Treasuries de 10 anos bater máxima de 14 meses
Os mercados futuros dos Estados Unidos voltam a cair na manhã desta terça-feira (30), aguardando mais uma bomba de estímulos monetários do presidente Joe Biden. Após ser puxado pelos grandes bancos no último pregão, o S&P 500 volta a ser pressionado pela alta do rendimento das Treasuries de 10 anos.
Por volta das 8h, o S&P 500 caía 0,13%, a 3.953,75 pontos. A Nasdaq, por sua vez, recuava 0,64%, para 12.862,12 pontos. A percepção de risco de inflação voltou a pairar sobre os investidores, que aguardam o discurso de Biden em Pittsburgh, na próxima quarta-feira (31).
Com a possibilidade do governo determinar o investimento de US$ 3 trilhões em infraestrutura, com o intuito de diminuição do desemprego e desigualdade no País, o mercado precifica uma guinada nos preços na economia. As Treasuries, títulos do Tesouro, de 10 anos atingiram a máxima de 14 meses, com uma alta de 2,36 pontos percentuais, chegando a 1,762%.
O rendimento das notas públicas ocorre de forma inversa à demanda pelas mesmas. Ou seja, os investidores estão vendendo os títulos, com medo de que o Federal Reserve (Fed) tenha de elevar as taxa de juros referenciais antes da hora.
A autarquia já relevou que pretende manter a taxa entre 0% e 0,25% ao menos até 2023. Além disso, para o BC estadunidense, a pressão inflacionária é temporária e está sob controle — caso comece a incomodar, existem ferramentas para contê-la, segundo o Fed.
A forte alta das Treasuries, que iniciaram o ano em 0,915%, impacta de forma mais intensa as ações de empresas de tecnologia. Por serem companhias de alto crescimento, há uma percepção maior de risco pois o valor das empresas está no futuro. Com um maior custo de capital e taxa de desconto sobre os fluxos de caixa futuros, os múltiplos das empresas tende a diminuir hoje.
Além disso, o mercado continua a aguardar o desdobramento do assunto que tomou a atenção na última segunda-feira (29): a venda da Archegos Capital Management de mais de US$ 30 bilhões em ações nos últimos dias, trazendo impactos financeiros ao Credit Suisse e demais bancos globais.
Em alta volatilidade, o preço do barril de petróleo Brent cai nesta manhã, após o Canal de Suez ser liberado. O meganavio encalhado, que bloqueava a passagem de um dos mais importantes canais comerciais do mundo, gerava prejuízos de US$ 400 milhões por hora.
Os investidores também especulam sobre a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na reunião da próxima quinta-feira (1). O cartel decidirá sobre os cortes de produção de maio.
Na Europa, a lira turca caiu 1,7%, para 8,3539 por dólar, chegando próximo de seu nível mais baixo da história, após o presidente turco Recep Tayyip Erdogan demitir o vice-governador do Banco Central do país. Na semana passada, a divisa turca já havia despecado com interferências políticas.
S&P 500 e os mercados internacionais
Confira o desempenho das principais bolsas mundiais por volta das 8h15:
- S&P 500 futuro: -0,34%
- Nasdaq futuro: -0,78%
- DAX 30 (Alemanha): +0,65%
- FTSE 100 (Inglaterra): +0,06%
- Euro Stoxx 50: +0,41%
- SSE Composite (Xangai): +0,62%
- Nikkei 225 (Japão): +0,16%
Os investidores adotam certa cautela neste mês — atentos ao rendimento das Treasuries e na pressão inflacionária norte-americana. O S&P 500 e as bolsas dos Estados Unidos observam o desdobramento do novo pacote de estímulos do presidente Joe Biden, além das dúvidas ligadas ao cenário macroeconômico.