O S&P 500 encerrou o pregão desta terça-feira (18) no nível mais alto já registrado na história do índice, representando a rápida recuperação dos mercados acionários em 2020. Trata-se de um movimento alimentado pelos estímulos governamentais e otimismo entre os investidores sobre a capacidade do mundo de administrar os efeitos da pandemia do coronavírus (covid-19).
O índice de ações de referência do mercado acionário norte-americano ultrapassou seu recorde anterior de 3.386,15 pontos, em 19 de fevereiro, apagando a queda histórica registrada durante os meses de fevereiro e março, que levou ao fim dos onze anos de bull market em Wall Street. Dessa forma, o S&P 500 subiu cerca de 5% em 2020.
No total, foram apenas 126 pregões onde o indicador estava abaixo do valor registrado em fevereiro, representando a entrada e saída mais rápida de um bear market. O recorde também ocorre após semanas marcadas pela divulgação de balanços de resultados, que surpreenderam investidores.
Ações de tudo, desde grandes empresas de tecnologia até ações de energia, que se mostravam derrotadas, se recuperaram acentuadamente de suas baixas. As ações da Amazon ampliaram seus ganhos no ano, para quase 80%, enquanto a Halliburton Co. mais do que triplicou desde a baixa de março e cortou as perdas de 2020 para cerca de 33%. A Clorox Co., vendedora de produtos de limpeza, está entre os vencedores da pandemia, com um aumento de quase 50% este ano.
A recuperação do mercado de ações reflete a esperança dos investidores de que uma recuperação ocorrerá no próximo ano, baseando-se nos ganhos corporativos e na atividade econômica. No entanto, muitos ainda têm dificuldade para reconciliar os ganhos com a contínua crise de saúde que matou mais de 170.000 pessoas apenas nos EUA, elevou o desemprego ao nível mais alto desde a Grande Depressão e acabou com a mais longa expansão econômica de todos os tempos.
“Há uma sensação de euforia no mercado, de que você vai ganhar dinheiro”, disse Steven Wagner, executivo-chefe da Omnia Family Wealth ao “The Wall Street Journal”. “Mas eles também estão perplexos com a desconexão [da economia] com o que vêem em seus negócios, em suas vidas e nos preços das ações”.
A baixa histórica nas taxas de juros, assim como os estímulos governamentais, contribuíram para a alta de 50% do S&P 500, liderado por ganhos acentuados entre as maiores empresas do mercado. Os gigantes da tecnologia que compõem uma grande parcela do índice têm se beneficiado das medidas de “lockdown” que aceleraram a digitalização do comportamento humano.
A Apple subiu mais de 55% até agora neste ano e está se aproximando de um valor de mercado de US$ 2 trilhões (equivalente a R$ 10,97 trilhões), enquanto a Microsoft Corp. saltou mais de 30%. Juntamente com a Amazon, a Alphabet, controladora do Google, e o Facebook, as empresas representam cerca de 25% do S&P 500. Isso lhes dá uma influência considerável sobre a direção do mercado.