A expectativa de produção da safra de soja no Brasil tem gerado divergências entre o que as consultorias privadas esperam que o país colha neste ano e os números oficiais dos órgãos governamentais.
Para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil vai produzir neste ano 140,5 milhões de toneladas do grão, enquanto o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) projeta uma produção de 139 milhões de toneladas de soja.
O número da Conab foi atualizado no início de janeiro e tende a ser revisado em fevereiro, diante da piora do quadro de estiagem que se apresenta na região Sul, em especial no Rio Grande do Sul.
De qualquer forma, o último dado da entidade é superior à estimativa das principais consultorias do mercado. A subsidiária brasileira da consultoria americana AgResource previu no início de janeiro que o Brasil colherá 131,04 milhões de toneladas de soja, 7,7% a menos que o dado estatal.
Hoje, a empresa divulgou uma atualização de sua estimativa, indicando que a produção nacional será de 125,04 milhões de toneladas, 4,5% menor do que o número de janeiro e 11% abaixo do que a estimativa oficial do governo, por enquanto.
“Apesar do baixo volume de chuvas recentemente, o calor continua e os estragos nas lavouras em função do estágio fenológico das culturas já estavam consolidados”, comenta o diretor da AgResource Brasil, Raphael Mandarino.
Para ele, a falta de chuvas já tem causado perdas de produtividade em outras regiões, como em Mato Grosso do Sul.
A revisão da AgResource deve ser apenas a primeira a acontecer. Nos próximos dias, outras consultorias privadas tendem a ajustar também seus números, o que vai começar a influenciar nos preços da soja no mercado.
O sentimento é que o mercado já havia precificado os contratos em Chicago considerando uma safra no Brasil entre 130 milhões e 135 milhões de toneladas.
“Agora, o mercado irá precificar os números abaixo dos 130 milhões de toneladas, trazendo as cotações para patamares superiores”, afirma Mandarino.
Queda nas exportações de soja
Com uma produção de soja menor no Brasil, a expectativa das empresas é que a disponibilidade do grão para exportação seja menor, o que vai fazer com que os embarques deste ano também fiquem abaixo do esperado.
Na semana passada, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), também revisou para baixo sua estimativa para a safra de soja no país e passou a considerar uma colheita de 135,8 milhões de toneladas.
Diante desse novo cenário, a entidade que representa empresas como ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus, Amaggi, Cofco, considera que o país não vai exportar o que vinha sendo esperado para o ano.
A Abiove reduziu sua expectativa para as exportações de soja deste ano para 86,9 milhões de toneladas. O novo número é praticamente igual aos 86,1 milhões exportados no ano passado e 4,6% a menos do que havia sido projetado inicialmente.