Veja as 5 small caps que mais desvalorizaram em outubro
Outubro foi um mês conturbado para os mercados financeiros globais. A Bolsa de Valores de São Paulo iniciou o mês no azul, mas foi tomada pela onda de volatilidade vinda da Europa e nos Estados Unidos, encerrando outubro com uma leve queda. Algumas small caps, inclusive, estiveram entre as maiores baixas da B3.
O avanço da pandemia nos países desenvolvidos do Ocidente trouxe um novo receio pelas medidas de contenção à doença, que podem comprometer a retomada econômica. As small caps, por serem tradicionalmente mais voláteis em momentos de estresse, sofreram com a tendência de baixa dos mercados.
Com base no SMAL11, ETF que replica a carteira teórica de small caps do mercado, de acordo com seus critérios metodológicos, confira quais foram os cinco papéis que mais desvalorizaram em outubro, salientando que esta matéria não é uma recomendação de investimento.
CVC
A CVC Corp. (CVCB3) é uma das maiores empresas do setor de turismo no País. Criada em 1972, a companhia possui um vasto histórico de aquisições, ampliação do modelo de franquias e liderança no segmento de viagens corporativas, viagens de lazer e viagens de intercâmbio.
Segundo o analista de small caps da SUNO Research, Rodrigo Wainberg, a companhia ainda vive uma tempestade perfeita. Para ele, o turismo foi um dos segmentos mais imsupactados pela pandemia. Além disso, indícios de fraudes contábeis pressionaram as cotações da companhia.
No segundo trimestre, a CVC apresentou uma queda de 99,4% no lucro líquido na comparação anualizada, encerrando o período com uma dívida líquida de R$ 1,11 bilhão. Este número não considera o montante levantado pelo follow-on, que aparecerá no balanço do terceiro trimestre.
Por outro lado, parte relevante das fraudes foram apuradas por auditoria interna, o que denota comprometimento da atual gestão, segundo Wainberg. “A CVC tem musculatura para tomar market share de agências menores que não têm acesso a recursos no mercado de capitais e dispõem de escala menor”, afirma.
As ações da CVC encerraram outubro com uma baixa de 21,38%, negociadas a R$ 12,28. Nos últimos 12 meses, os papéis ainda caem 72,04%.
Cogna
Inicialmente constituída como curso de pré-vestibular chamado Pitágoras, em 1966, a Cogna (COGN3) é um dos maiores grupos educacionais do Brasil.
O modelo de negócios atual da empresa foi instaurado em 2019, pautado em quatro verticais para atender o mercado:
- Kroton, que atua especificamente no ensino superior em business to consumer (B2C);
- Platos, plataforma de serviços educacionais em business to business to consumer (B2B2C);
- Saber, rede de instituições de ensino básico;
- Somos, plataforma B2B de serviços integrada para a educação básica.
No segundo trimestre deste ano, a Cogna apresentou um prejuízo de R$ 454,7 milhões, um resultado em queda de 425,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando tinha registrado um lucro líquido de R$ 139,581 milhões.
“É um momento delicado para o setor educacional, que está competindo por alunos concedendo descontos, o que resulta em tickets médios menores. Houve queda de 11,2% no ticket médio do ensino superior presencial, por conta dos descontos e pela redução da base de alunos do FIES”, lembrou o analista.
O resultado do terceiro trimestre está previsto para o dia 13 de novembro. Os papéis da Cogna encerraram outubro negociados a R$ 4,29, após uma queda de 17,66%.
IRB Brasil
O IRB Brasil (IRBR3) é a maior resseguradora do País, com aproximadamente 37% do market share. Mesmo tendo sido privatizada em 2013, após um longo processo de perda do monopólio no setor, a companhia responde por quase 50% de todo o lucro do mercado ressegurador.
A companhia passa por fortes transformações em seu corpo diretivo e Conselho de Administração, após acusações de fraude relacionadas à antiga gestão. Em função da desconfiança do mercado com a empresa, os papéis apresentam uma forte baixa desde fevereiro, impulsionada pela pandemia.
Durante o período entre abril e junho, as operações no exterior foram severamente prejudicadas, especialmente pelo aumento de sinistralidade. No segundo trimestre, o índice de sinistralidade total atingiu 135,3%, frente a 58% do mesmo período do ano passado.
Wainberg apontou que a composição dos prêmios emitidos mudou na comparação atual, com maior concentração na linha de negócios patrimonial e menor representatividade de riscos especiais.
Os papéis da empresa, que é uma das small caps mais antigas do mercado, encerram outubro com uma baixa de 16,01%, sendo negociados a R$ 6,04 até o fechamento do pregão da última sexta-feira.
YDUQS
A YDUQS (YDUQ3) também é um dos maiores grupos de educação superior do Brasil em número de alunos. Holding criada em março de 2007 como sociedade anônima de capital aberto, a YDUQS Participações (ex-Estácio Participações) é listada no Novo Mercado. As ações da empresa também são negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
Wainberg lembrou que, em suas operações, a YDUQS “tem se empenhado em aumentar o número de vagas de medicina, curso que apresenta as melhores margens e ao mesmo tempo, menor inadimplência e evasão”.
No segundo trimestre, a base de alunos EAD apresentou crescimento de 53% em comparação ao mesmo período de 2019, enquanto a base consolidada cresceu 30,6% na mesma relação. A companhia apresentou uma alta orgânica (ex-aquisições) da sua base de 13,1% de ano para ano, resultado impressionante considerando o cenário conturbado para o setor, pontuou o analista.
A YDUQS encerrou outubro com um tombo de 15,95%, com suas ações negociadas a R$ 22,92.
EcoRodovias
A EcoRodovias (ECOR3) deu início às suas atividades em 1997, ligada ao Grupo CR Almeida, do setor de construção pesada. Nos anos seguintes, a empresa consolidou-se no mercado de infraestrutura com a construção de pistas.
Na área portuária, a EcoRodovias começou a atuar em 2012 com a aquisição do antigo Complexo Tecondi. Pouco antes disso, em 2010, a empresa realizou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no Novo Mercado.
Com a pandemia, é natural que ocorra redução de tráfego nas rodovias. Com isso, a EcoRodovias apresentou um Ebitda pró-forma de R$ 430,4 milhões no segundo trimestre, queda de 9,5% na relação ano a ano. Outro destaque levantado pelo analista é a alavancagem financeira da companhia,”que se encontra em patamares relativamente altos, em 3,3 vezes, embora seja característico do setor”.
No segundo trimestre deste ano, a companhia apresentou um lucro líquido de R$ 84 milhões. O resultado do terceiro trimestre está previsto para o dia 4 de novembro. Os papéis da EcoRodovias, que é uma das small caps mais relevantes do mercado, encerraram outubro negociadas a R$ 9,99, após uma queda de 15,27%.