O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, o Sinal, teve insatisfação da sua última reunião com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, por conta da ausência de proposta de um reajuste salaria.
Apesar disso, os trabalhadores do Banco Central destacaram que a conversa com Campos Neto foi “amistosa e propositiva”.
O sindicato informou que aguarda, agora, uma nova reunião com Campos Neto, ainda em janeiro. Caso o presidente do BC não tenha propostas concretas na próxima reunião, o Sinal disse que passará a discutir uma greve em fevereiro.
A paralisação prevista para o dia 18, das 10 horas às 12 horas, está mantida, segundo o Sinal.
“Esperamos que, ainda em janeiro, haja nova reunião com o Presidente do BC e que nela haja uma proposta concreta. Caso contrário, passaremos a debater a proposta de greve por tempo indeterminado, em fevereiro de 2022″, disse Fábio Faiad, presidente do Sinal.
Na reunião, os sindicatos que representam os funcionários do órgão informaram a Campos Neto que quase 2 mil servidores já aderiram ao movimento de entrega de cargos, sendo que cerca de 500 comissionados e substitutos e em torno de 1.500 se comprometem a não assumir os cargos deixados pelos primeiros.
No total, há 3.500 funcionários no Banco Central.
Sindicatos do Banco Central formam união
No BC, há três sindicatos: o Sindicato Nacional de Funcionários do Banco Central (Sinal), que representa as categorias de analistas e técnicos, a Associação Nacional de Analistas do Banco Central (ANBCB) e o Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco Central do Brasil (SinTBacen). Todos unidos na mobilização.
Após a reunião, nota conjunta informou que há um indicativo de aumento na mobilização dos servidores do BC. De acordo com as entidades, “a deterioração no clima organizacional nos últimos meses se deve, em grande parte, à ausência de endosso das autoridades da Casa à reestruturação da carreira de Especialista do Banco Central”.
Promessas que teriam sido feitas por Campos Neto, dizem os servidores, já foram feitas por outros presidentes. “O que necessitamos agora é de uma ação contundente por parte da administração!”, dizem os sindicatos no comunicado.
“Esse retardo é típico da administração do BC faz anos. Prometem agir se houver ganhos em carreiras correlatas, depois levam alguma pedalada por outros eventos e fecham janelas de oportunidade. Nisso, o BC sofre um rebaixamento institucional que durará anos e vai trazer uma crise de RH óbvia”, disse Henrique Seganfredo, presidente da ANBCB.
Reestruturação do BC
De acordo com Seganfredo, a reunião com Campos Neto é uma conversa inicial para um pleito de reestruturação da carreira que vai muito além do reajuste ou recomposição salarial, com medidas que não têm impacto financeiro.
Conforme ele, essa discussão se “arrasta” desde a gestão Ilan Goldfajn, enquanto os funcionários do órgão acumulam entregas nos últimos anos.
Com a chegada de Campos Neto, Seganfredo afirma que o foco foi a agenda de inovação e a autonomia da instituição, mas que agora é o momento de trazer as demandas da categoria.
Um dos pleitos é a mudança do título da carreira de analista, que, na avaliação da ANBCB, não condiz com a complexidade e a responsabilidade do cargo.
Segundo Seganfredo, uma das propostas é mudar o nome para auditor. Além disso, a ANBCB apoia a demanda dos técnicos para que o nível de escolaridade na carreira seja de ensino superior. Há ainda demandas relativas a questões previdenciárias.
O movimento dentro do Banco Central esquentou, contudo, com a mobilização das categorias do funcionalismo público federal com a sinalização do presidente Jair Bolsonaro de que atenderia ao pleito de reestruturação de carreira das polícias. Bolsonaro, contudo, já disse, no sábado, 8, que os reajustes não estão garantidos para nenhuma categoria, irritando os policiais, que veem o movimento como traição.
Com informações do Estadão Conteúdo