Shopee: vendas disparam no 4T21, mas empresa enfrenta problemas logísticos
No Brasil desde 2019, a Shopee chegou conquistando mercado e impondo dificuldades para varejistas nacionais como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), ao aumentar a concorrência com as estrangeiras. Acontece que o crescimento forte do marketplace chinês está causando gargalos na operação.
Segundo o Valor Econômico, a Shopee está enfrentando problemas de logística por aqui, devido ao crescimento acima da capacidade de gerenciamento de pedidos da empresa. A Shopee Brasil registrou mais de 140 milhões de pedidos no 4T21, avanço de 400% frente ao mesmo período de 2020. Em termos de receita, o montante foi de US$ 70 milhões, alta de 326%.
As dificuldades começaram a aparecer com mais força em novembro, depois que a empresa lançou campanhas comerciais para intensificar as vendas. As principais ações para o público envolviam frete grátis, promessa de entregas rápidas, descontos, entre outros subsídios aos clientes.
Com a movimentação próxima das datas de maior interesse do consumidor, que são a Black Friday e o Natal, as campanhas da Shopee levaram a um acumulo de pedidos. A matéria do Valor diz que, entre novembro e dezembro, a empresa registrou entre quatro a cinco vezes mais pedidos do que o mesmo período de 2020.
“Eles deram um passo maior do que a perna (…), e não estavam preparados”, disse um prestador de serviço logístico para a Shopee ao jornal.
Plano de ação da Shopee
A infraestrutura da Shopee não comportou tantos pedidos. Não havia estrutura de transporte e atendimento suficientes. Com isso, a companhia teve que montar um plano de ação, segundo o Valor.
Semanalmente, uma equipe de gestão de demanda criada pela Shopee trabalha no assunto. Formam o time os funcionários da empresa de Singapura e as transportadoras terceirizados, com o objetivo de ajustar medidas.
Um dos parceiros entrevistados pelo Valor anonimamente explica que, como a empresa tem alta concentração de encomendas de itens leves (produtos de baixo preço), eles precisam de grandes quantidades para gerar venda. “A questão é que isso enche galpão, sobrecarrega a equipe e empata a vazão”, disse a fonte.
Já Anderson Candido, dono de uma loja na Shopee, contou ao jornal sobre as falhas de processos que precisa administrar. Segundo ele, quando o cliente vê que a entrega vai demorar, ele cancela o pedido e pede o estorno. “Só que a encomenda chega dois, três dias depois e o cliente fica com o produto e o dinheiro. Nós ficamos com o prejuízo”, conta.
Ameaça às varejistas?
Segundo o Valor, a Shopee Brasil registrou mais de 140 milhões de pedidos no 4T21, avanço de 400% frente ao mesmo período de 2020. Em termos de receita, o montante foi de US$ 70 milhões, alta de 326%.
Porém, o indicador de lucro operacional antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ficou negativo, cerca de -US$ 2 por pedido no Brasil, uma melhora de 40% frente o 4T20.
No fim de 2021, a Shopee deu início às suas primeiras operações de logística própria no Brasil. Sua primeira área de cross-docking fica em Barueri (SP) e faz a operação de last mile, em que o armazém recebe a mercadoria para despachar rapidamente, diferentemente de um centro de distribuição, que guarda a mercadoria por mais tempo.
O objetivo da Shopee é melhorar seu tempo de entrega. O galpão logístico ainda está em fase de testes, mas já tem um objetivo bem definido: ser o primeiro espaço de uma série de outros, com base em como funciona a operado do Mercado Envios, modelo de entregas da argentina Mercado Livre (MELI34).
Segundo o Valor, a Shopee já angariou para o seu time o executivo Rodrigo Calderaro, ex-Mercado Livre, que chegou á empresa de Singapura em junho para um modelo de operação similar ao de sua ex-empregadora para a Shopee no Brasil.