Shopee Brasil supera (e muito) o Magazine Luiza (MGLU3) em lojistas parceiros
Com pouco mais de dois anos de operação no Brasil, a Shopee, plataforma de e-commerce de Singapura, chegou com tudo, sem dar espaço para o varejo nacional tomar fôlego. Agora, em abril, a empresa alcançou 2 milhões de lojistas parceiros, segundo informações da Folha de S. Paulo.
Para efeito comparativo, o Magazine Luiza (MGLU3), que é o maior e-commerce nacional, tem 160 mil vendedores online, número que representa apenas 8% da operação da Shopee no Brasil.
Outros nomes do varejo local como Americanas (AMER3) e Via (VIIA3) também ficam para trás, com quantidade de sellers inferiores ao do Magalu, cerca de 122 mil e 130 mil, respectivamente, ao fim de 2021. Quem poderia concorrer com a operação da Shopee, não divulga os números do Brasil, que é a varejista argentina, Mercado Livre (MELI34).
O e-commerce argentino abre apenas os seus números gerais de operação na América Latina. Neste recorte, a empresa conta com 9 milhões de vendedores online.
Shopee Brasil cresce rapidamente
Em entrevista à Folha, o diretor de marketing e estratégia da Shopee no Brasil, Felipe Piringer, aponta como diferencial a empresa ter uma operacional regional, não uma replicação do modelo chinês.
“Nossa operação é brasileira, não é uma tradução de site estrangeiro. Temos 1.500 pessoas para construir a operação no Brasil”, disse o executivo.
Em 2021, a Shopee registrou 140 milhões de pedidos brutos no quarto trimestre de 2021, um avanço de 400% frente ao mesmo período de 2020. Em termos de receita, o montante foi de US$ 70 milhões, alta de 326%. Segundo Piringer, 87% das vendas do e-commerce é dos sellers brasileiros.
Segundo o Goldman Sachs, a Shopee já alcançou 5% do mercado de comércio eletrônico do Brasil em 2021 e deve expandir ainda mais sua operação ao longo de 2022.
A estimativa dos analistas do banco de investimentos aponta para um investimento de cerca de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 7,15 bilhões) da Shopee no Brasil/ América Latina neste ano. “Acreditamos que seu compromisso em tornar o Brasil um forte mercado é inabalável”, diz relatório do GS.
Camelódromo virtual?
Discussões sobre “concorrência desleal” e “contrabando digital” tem envolvido operações de estrangeiro no Brasil como Shopee, Shein, Aliexpress e outras.
O governo federal está preparando uma medida provisória (MP) para combater o que chamou de “camelódromo virtual” promovido por essas plataformas estrangeiras que estariam importando produtos falsificados ou sem o devido pagamento de impostos.
A MP, que está sendo preparada pela Receita Federal, é fruto da ação de grandes varejistas brasileiras e indústrias que têm como foco uma ofensiva contra as empresas estrangeiras. Segundo essas varejistas, as mercadorias das plataformas gringas entram no Brasil por meio do e-commerce sem pagar impostos e com falsas informações fornecidas pelos sellers.
À Folha, Piringer disse que a Shopee é apenas um marketplace, ou seja, uma plataforma digital que vende produtos de terceiros, e não importa nada diretamente.
Dessa forma, se houver uma MP por parte da Receita Federal para aumentar os impostos sobre compras de produtos estrangeiros, a medida terá um impacto reduzido sobre a operação da Shopee no Brasil, uma vez que apenas 13% das vendas vêm de produtos importados e todas são formalizadas com nota fiscal, disse o diretor.