Shopee deve investir US$ 1,5 bilhão no Brasil em 2022, diz Goldman Sachs
Enquanto o governo federal prepara uma medida provisória (MP) para combater o “camelódromo virtual” com a venda de produtos falsificados ou sem o devido pagamento de impostos por varejistas estrangeiras, um dos alvos da ação tem grande interesse em aumentar o seu market share no País – é o caso da Shopee.
Segundo o Goldman Sachs, em dois anos de operação no Brasil, a Shopee já alcançou 5% do mercado de comércio eletrônico em 2021 e deve expandir ainda mais sua operação ao longo de 2022.
A estimativa dos analistas do banco de investimentos aponta para um investimento de cerca de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 7,15 bilhões) da Shopee no Brasil/ América Latina neste ano. “Acreditamos que seu compromisso em tornar o Brasil um forte mercado é inabalável”, diz relatório.
A Shopee Brasil registrou 140 milhões de pedidos brutos no quarto trimestre de 2021, um avanço de 400% frente ao mesmo período de 2020. Em termos de receita, o montante foi de US$ 70 milhões, alta de 326%.
Porém, o indicador de lucro operacional antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ficou negativo, em cerca de -US$ 2 por pedido no Brasil, ainda assim, uma melhora de 40% frente o 4T20.
Dificuldades pelo caminho
Mas nem tudo são flores no projeto de expansão da empresa chinesa aqui no Brasil. O custo de capital da Shopee tem crescido globalmente, assim como a queima de caixa da empresa. Além disso, o desempenho das ações da Sea Ltd., dona da Shopee, indica insatisfação dos acionistas com a gestão da diretoria.
Listadas em Nova York, as ações da dona Shopee (NYSE: SE) apresentam queda de 66% nos últimos seis meses, com o preço por ação saindo de US$ 336,26 para US$ 123,32 no último fechamento.
Segundo o relatório do Goldman, essa queda pode fazer com que a gestão da Sea mostre mais disciplina na alocação de capital, ainda que os analistas acreditem que o Brasil não deva sair do foco de expansão da Shopee. “Na recente teleconferência de resultados do 4T21 da Sea, a administração reiterou o Brasil como prioridade”, diz o relatório do banco.
Sendo assim, o próximo passo da varejista chinesa é encontrar um ponto de equilíbrio para a operação aqui no Brasil e, eventualmente, se tornar autossustentável. O GS indica que, para isso, dois pontos devem ser priorizados: aumento no valor do ticket médio e redução dos custos de envio.
Próximos passos da Shopee no Brasil
“Acreditamos que o aumento do valor do ticket médio virá por meio de ajustes graduais na política de frete grátis (com aumento do tamanho mínimo da cesta, por exemplo), semelhante ao que a empresa fez na Ásia”, indica o relatório do Goldman Sachs.
Além disso, os analistas também indicam o possível avanço na variedade das lojas oficiais, com a busca por mais vendedores e itens de marca.
Em termos de custo do envio de mercadorias, a Shopee já começou a sua movimentação para montar a sua própria rede de transporte no Brasil, “contando com uma combinação de drop-shipping, cross-docking e potencial fulfillment“.
No fim de 2021, a Shopee deu início às suas primeiras operações de logística, com o cross-docking inaugurado em Barueri (SP) para a operação de last mile. O objetivo da varejistas é melhorar seu tempo de entrega.
O galpão logístico ainda está em fase de testes, mas já tem um objetivo bem definido: ser o primeiro espaço de uma série de outros, com base em como funciona a operado do Mercado Envios, modelo de entregas da argentina Mercado Livre (MELI34).
O Goldman Sachs também destaca avanços na lista de parceiros da empresa na modalidade 3P (com estoque de terceiros): “Embora haja provavelmente uma curva de aprendizado que o Shopee precisará avançar, acreditamos que investimentos de parceiros 3P locais de qualidade abordarão gradualmente pontos problemáticos de logística.”