As gigantes do e-commerce Shopee e Amazon (AMZO34) decidiram colocar o pé no freio em algumas regiões, despertando dúvidas nos investidores sobre qual será a tendência do e-commerce daqui para frente.
A Shopee, sediada em Singapura, está demitindo funcionários e fechando operações na América Latina, enquanto a Amazon decidiu adiar investimentos em logística na América do Norte.
Durante painel no evento FIIs Experience, promovido pela Suno, especialistas do setor de e-commerce, fundos imobiliários e logística debateram o assunto, e o consenso é de que o e-commerce ainda tem pela frente uma tendência positiva no Brasil, apesar da forte competição entre as empresas.
Segundo Rafael Fonseca, CFO da Bresco Investimento, a redução de áreas de logística das grandes empresas internacionais é passageira.
“A grande razão é que são companhias abertas que precisam prestar contas para o investidor e reduzir custos, mas é algo de curto prazo, uma emergência”, disse. Em sua visão, as gigantes globais devem retomar a tendência de crescimento nos próximos meses.
A boa notícia, segundo o porta-voz da Guardian Gestora, Gustavo Asdourian, é que esta desaceleração não está ocorrendo no Brasil.
“Demanda o mercado tem. A questão é pontual e não é no Brasil, pois o mercado aqui está crescendo ainda e demandando investimentos em logística para e-commerce”, afirmou.
Por que a Shopee não fechou no Brasil?
Embora a Shopee tenha fechado operações na América Latina, sua presença no Brasil foi mantida.
]Para o head de e-commerce da NielsenIQ, Marcelo Osanai, isso ocorre porque a empresa está utilizando sellers (vendedores) nacionais em sua operação brasileira, o que garantiu resultados mais fortes no país.
“No começo, a Shopee trabalhava no Brasil com sellers internacionais, produtos mais baratos e simples. Com o tempo, eles mudaram a estratégia e conseguiram sellers locais, e isso garantiu resultados mais positivos.”
Avanço do e-commerce não é bolha, diz Nielsen
Depois da forte aceleração do e-commerce durante a pandemia, o setor continua a evoluir, segundo o porta-voz da Nielsen.
No primeiro semestre de 2022, o e-commerce cresceu 6% no Brasil em comparação com o mesmo período do ano passado. “Isso é sinal de que não é uma bolha”, afirma.
Segundo ele, as categorias que tendem a se destacar no futuro são as “não tradicionais”, como alimentos e bebidas. Outros setores com boas perspectivas são higiene, beleza, moda e acessórios.
Apesar da demanda forte do lado do consumo, o desafio neste mercado é a forte competição entre as empresas, como Amazon, Shopee e as players nacionais. “Apesar de não haver uma bolha de consumo, o mercado pode ser muito complexo para quem está operando.”