Shimao dá calote de US$ 1 bilhão na China e ‘relembra’ caso Evergrande
A construtora chinesa Shimao fez um anúncio oficial nesta segunda-feira (4), comunicando que falhou no pagamento de um título de cerca de US$ 1,02 bilhão, além de outras obrigações emitidas no exterior.
A Shimao, que é listada na Bolsa de Valores de Hong Kong, cita que o pagamento é de um título emitido na Bolsa de Valores de Singapura, com juro fixo anual de 4,75%.
A incorporadora chinesa diz não ter recebido reclamações de credores, e que irá “esforçar-se para continuar a colaborar ativamente” com a situação.
No documento público da Bolsa de Hong Kong, a Shimao também revela que “não cumpriu para com os prazos dos principais pagamentos de algumas outras dívidas offshore que foram emitida”.
Sobre esse pagamento, a construtora chinesa não deu detalhes, mas afirmou que está negociando uma “resolução amigável” com os credores.
Assim como no caso da Evergrande, a companhia sofre com credores em meio a uma baixa de vendas. Segundo o resultado financeiro da companhia, nos primeiros cinco meses desse ano foi registrada uma baixa de 72% nas vendas, no comparativo com igual período ao ano anterior.
Nos seus documentos, a Shimao alega “mudanças significativas no ambiente macro para o setor imobiliário na China, a partir do segundo semestre de 2021, e ao impacto de [surtos de] covid-19”.
Nesse cenário, a companhia vendeu ativos sucessivamente a fim de ganhar liquidez e geração de caixa – assim podendo renegociar as condições de algumas linhas de financiamento.
Mesmo assim, a saúde financeira da Shimao ficou comprometida por conta das “incertezas do mercado, face ao refinanciamento de dívida, e a condições operacionais e de financiamento complicadas”.
Relembre o início do caso Evergrande
Ainda em setembro de 2021, a Evergrande, a segunda maior incorporadora imobiliária da China, veio a público afirmar que há uma possibilidade de calote, já que a companhia pode não conseguir honrar suas dívidas. À época, a companhia possuía um compromisso que passa dos US$ 300 bilhões.
O caso desencadeou uma série de análises negativas sobre a economia chinesa, projetando possíveis problemas drásticos por conta do risco de crédito.
Apesar disso, o sistema financeiro não foi contaminado e o caso não tornou-se um novo ‘Lehman Brothers’, como alguns analistas apontavam.
O risco era elevado por conta de que, além do volume da dívida, a companhia também havia tomado empréstimos em diversos outros países, ainda que a maior parte dos credores tenham sido chineses.
Shimao teve ‘deterioração’ de crédito, diz Fitch
As ações da Shimao fecharam o último pregão cotadas a 4.520 HKD. A cotação está ‘congelada’ desde o fim de março.
Sucessivamente a Fitch reduziu suas avaliações para a construtora da China. Desde setembro de 2021 a agência de risco vem fazendo diversos downgrades, sendo que atualmente mantém a companhia em WD (withdrawn).
Na avaliação anterior da Shimao, de março de 2022, o risco de crédito era de CCC, que significa “risco substancial”.