Após BP, Shell tem prejuízo recorde de US$ 21,7 bilhões em 2020
A Royal Dutch Shell (RDSA34) divulgou nesta quinta-feira (4) que teve um prejuízo de US$ 21,7 bilhões em 2020. A companhia anglo-holandesa se junta a também britânica BP e aos grupos produtores de petróleo americanos no grupo das que tiveram grandes déficits orçamentários no ano passado.
O resultado de hoje é o primeiro prejuízo anual desde a fusão da Royal Dutch Petroleum com a Shell, que ocorreu em 2005. Na terça, a BP, maior rival da Shell no Reino Unido, divulgou que teve em 2020 o seu pior resultado da última década.
O grupo registrou lucro ajustado, que exclui despesas não-recorrentes, de US$ 4,85 bilhões em 2020, bem menor do que os US$ 16,5 bilhões do ano anterior, refletindo uma queda de 71%, também consolidando o pior resultado dos últimos 15 anos. No último trimestre, a Shell lucrou de forma ajustada apenas US$ 470 milhões, frustrando as expectativas dos analistas.
As contas da Shell sofreram, principalmente durante o segundo trimestre, por conta da depreciação do preço do petróleo. Em determinado momento de abril, o preço do barril chegou a ficar negativo, com companhias pagando para que pessoas retirassem o combustível de seus estoques.
No terceiro trimestre, a Shell conseguiu voltar ao cenário positivo, seguindo as movimentações da commodity. O preço do Brent e de outros contratos, entretanto, continua consideravelmente aquém do que era visto no período pré-pandemia.
O diretor-executivo (CEO) da Shell, Ben van Beurden, descreveu, em comunicado, que 2020 foi um ano anormal. “Tomamos ações difíceis, mas decisivas, e demonstramos uma entrega operacional altamente resiliente. Estamos saindo de 2020 com um balanço mais forte, prontos para acelerar nossa estratégia e fazer o futuro da energia”, afirmou.
Apesar de prejuízo, Shell aumenta dividendos
Apesar do prejuízo, a Shell optou por aumentar, pela segunda vez em alguns meses, o dividendos distribuídos aos seus acionistas. No total, os proventos aumentaram em 4%, saindo de 16,65 centavos de dólar por ação para 17,35 centavos.
A decisão da Shell em aumentar o valor distribuído vem em meio a uma maior tentativa das grandes companhias de petróleo em conquistarem a confiança dos acionistas. A empresa afirmou também que reduziu sua dívida líquida de US$ 75 bilhões para US$ 4 bilhões durante o último ano.
A Shell se afirma otimista para 2021, acreditando que o valor do petróleo, principalmente do futuro Brent, deve voltar a se valorizar.