A Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas (CTNM4)),prepara uma demissão em massa que deve atingir até 70% do seu quadro de funcionários em Blumenau (SC), ao passo que deve segurar panorama atual em Natal (RN), onde produzirá para a Shein, varejista chinesa.
Segundo o secretário-adjunto de desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte, Sílvio Torquato, houve uma procura grande de pequenas empresas querendo se cadastrar como parceiras. Além disso, o secretário disse ao jornal Valor Econômico que “não houveram demissões”.
As decisões recentes vão de encontro com um memorando divulgado pela Coteminas ao fim de abril, citando um entendimento para nacionalizar parte dos produtos que a Shein vende em solo brasileiro.
À Folha de SP, a Coteminas disse que esse “novo modelo de trabalho que exigirá novos equipamentos industriais e adequação do quadro de pessoal”.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau (SC), Gaspar e Indaial (Sintrafite), Carlos Alexandre Maske, a demissão faz parte de uma restruturação do setor.
Além disso, disse que “ficou claro que a empresa está reorganizando seu negócio e vai intensificar a exploração de força de trabalho em outra região do país, onde vai trabalhar com pequenas facções em que os trabalhadores não têm amparo em relação a direitos trabalhistas”.
O diretor da Coteminas, Josué Gomes, que também preside a Fiesp, já havia citado que a produção de vestuário para a Shein começaria em julho na fábrica de Natal.
Segundo o executivo, a meta é alcançar 2 mil oficinas de costura em todo o Brasil.
Imbróglio com remanejo após entrada da Shein foram parar no MPT
O impasse entre a gestão da Coteminas – por conta da provável demissão – e os sindicatos se acirrou recentemente.
Na segunda (3) foi feita uma assembleia na portaria principal da empresa, com oposição às novas medidas anunciadas.
Além disso, líderes sindicais citaram dificuldades nas negociações em relatos à imprensa.
Nos tribunais, o Sintrafite chegou a entrar com ação no Ministério Público do Trabalho (MPT), que por sua vez recomendou que a Coteminas não siga com a demissão em massa e minimize os impactos da crise financeira de outra forma.
Açõe da Coteminas
Os papéis da indústria tem somado um desempenho negativo nas últimas semanas, mas ficam com saldo positivo no acumulado de 2023, devido às sinalizações sobre a parceria com a Shein. Com isso, apesar da queda de 19% nos últimos 30% dias, as ações CTNM4 ainda sobem 81% neste ano, com rali iniciado em abril.