Shein, AliExpress, Wish, Shopee e Amazon (AMZO34). Segundo um levantamento da Receita Federal, as compras de comércio eletrônicos por esses e outros sites viraram as queridinhas dos brasileiros. As aquisições de “cross border” (negócios com produtos de diferentes países) registrou um aumento de 150% nos últimos cinco anos, destacou a RF.
Em volume, apenas em 2022 foram mais de 176 milhões de itens importados entre tributáveis e isentos (como cartas e documentos).
Logística de plataformas como Amazon e Shein
Com uma demanda tão alta, lojas e-commerce como a Shein, Amazon e Shopee precisam de estruturas de logística complexas, que envolve empresas ligadas ao transporte de cargas por terra e ar, para que as encomendas atravessem mais de 16 mil quilômetros entre a China e o Brasil na maior velocidade possível.
Em meio à disputa do frete rápido e para acomodar os produtos vendidos e entregá-los, as empresas do setor têm adotado diversos recursos:
- Galpões enormes como centros de distribuição;
- Serviços de empresas de logística internacional;
- Ampliação da frota própria de aviões.
Marca de e-commerce do gigante chinês Alibaba (BABA34), o AliExpress tem no Brasil uma das suas principais operações no mundo, o que fez com que a companhia precisasse ampliar a sua malha logística por aqui. A empresa começou o ano de 2021 com cinco voos semanais, e em agosto de 2022 anunciou a ampliação para oito viagens na semana.
Sem uma frota própria, a Shein utiliza os serviços de empresas de transporte de cargas e já anunciou que irá aumentar os investimentos no Brasil, principalmente com a nacionalização da produção, alternando entre o seu polo integral na China. Além da parceria com as fábricas da Coteminas (CTNM4), a chinesa também se uniu à plataforma de entregas Pegaki para escoar a produção local.
A empresa informa que tem cinco centros de distribuição, que somam cerca de 200 mil metros quadrados de área de armazenamento, o equivalente a 18 campos de futebol. São armazenados tanto itens produzidos no Brasil quanto os trazidos da China. Com 164 unidades já em operação, a expectativa da Shein é chegar à marca de 2 mil unidades fabris no País nos próximos anos.
Expansão do e-commerce pelo Brasil
No caso do e-commerce de Singapura, Shopee, apesar da possibilidade de compras vindas de outros países, o foco do negócio são as transações feitas por “vendedores” locais (como são chamadas as lojas virtuais) que utilizam a sua plataforma. O marketplace tem 3 milhões de vendedores cadastrados, que representam 85% das transações. Os outros 15% vêm de fora. A entrega é feita por meio de parcerias com empresas logísticas.
Os produtos estrangeiros são divididos no Brasil em dois tipos de remessa: expressa e postal. A primeira é a modalidade mais comum no caso de importações feitas por empresas, enquanto a segunda é a mais utilizada por pessoas físicas em compras de e-commerce de cross border, por ser um canal de baixo custo para as importações.
No País, 41 empresas estão habilitadas a operar os serviços de courrier (que faz coleta e entrega de produtos do exterior dentro do território nacional), como DHL, Fedex e Cainiao.
Ainda segundo o relatório aduaneiro da Receita Federal, para os mais de 176 milhões de volumes importados em 2022, foram emitidas 3,4 milhões de declarações de importação de remessa (DIR), que juntas totalizam mais de US$ 245 milhões. O valor representou crescimento de 32% em comparação com 2021.
Para Ulysses Reis, especialista em varejo da Strong Business School (SBS), o relatório aduaneiro da Receita Federal evidencia os investimentos dos gigantes de e-commerce para expandir sua base de consumidores no País, algo iniciado anos atrás, mas que se intensificou durante a pandemia. “O boom do e-commerce na pandemia está ligado à mudança de comportamento de consumo dos brasileiros”, diz.
Shein, Shopee e AliExpress: vendas tendem a cair?
Mesmo que o segmento de remessas postais tenha apresentado crescimento expressivo nos últimos anos, Reis acredita que o balanço de operações em 2023 deve apresentar declínio nos números por dois fatores: o primeiro está ligado aos planos de nacionalização de produção e vendas da Shein, que antes importava integralmente os itens vendidos no Brasil; o segundo é a mudança nas regras para importação.
Reis diz que a mudança na normativa ainda é difícil de ser entendida pelos compradores, o que deixa os usuários de e-commerce apreensivos se serão taxados no momento do desembaraço aduaneiro.
Batizado de Remessa Conforme, o programa terá adesão voluntária por parte das varejistas, que incluem, por exemplo, as asiáticas Shein, Shopee e Aliexpress. Os sites que aderirem às normas serão obrigados a cobrar os tributos antecipadamente, no momento em que o produto for adquirido. Hoje, essa cobrança só ocorre quando a mercadoria chega ao País.
Em troca, terão isenção do Imposto de Importação – que é federal e tem alíquota de 60%, nas compras até US$ 50 (cerca de R$ 240) nos sites como Shein e demais. Atualmente, essa isenção só é válida para o envio de remessas entre pessoas físicas.
Com informações de Estadão Conteúdo.