Quais setores econômicos podem impulsionar a economia brasileira em 2019

Após a alta de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, o Banco Central (BC) estima que o PIB brasileiro cresça 1,4% em 2018. Mas será que o Brasil está no caminho certo para sair da pior crise econômica de sua história, desde 1929?

De acordo com o Banco Central, a previsão de crescimento do PIB para 2019 é de 2,4%. Segundo o banco, a projeção de expansão da economia nacional está alinhada à retomada da atividade econômica do País.

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Segundo o professor Alexandre Borbely, economista da Universidade Metodista de São Paulo, a principal saída para retomada econômica seria investir na capacidade produtiva do País. “Atrair capital estrangeiro somando ao capital nacional, para investir na capacidade produtiva do país. Dessa forma, a produção seria alavancada”, destacou o professor.

“É claro que isso depende de uma série de variáveis, principalmente em torno das expectativas que os empresários têm em relação ao ambiente econômico. Mas entre os investimentos, o setor industrial e a construção civil não podem parar, porque geram muito emprego”, completou Borbely.

Outro ponto de grande importância para a retomada da economia nacional é a motivação da produção em setores como o automobilístico. De acordo com Borbely, esse tipo de setor “quando cresce, faz a economia inteira crescer” e já foi utilizado como saída para a crise 2008.

“Quando o setor automobilístico tem sua demanda ativada, incentiva uma série de outros setores como o de ferro e plástico para a produção, o logístico para o transporte de insumos e produtos, as montadoras para a produção de veículos, entre outros” declarou o professor da Metodista.

Empregos

Com o estímulo aos setores econômicos e o aumento da produção, passa a ser necessária mais mão de obra. A partir desse momento que são gerados empregos.

De acordo com dados recentes divulgados pelo Ministério do Trabalho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta que novembro 2018 teve um saldo positivo de 58.664 carteiras assinadas.

Esse saldo positivo é resultado da diferença entre o número de contratações e o número de demissões.

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Entretanto, apesar desta alta, o número de desempregados ainda é muito grande. Atualmente no Brasil, existem 12,4 milhões de pessoas procurando emprego.

Além disso, existem os desalentados, pessoas que desistiram de procurar emprego. De acordo com o IBGE, atualmente o Brasil tem 4,78 milhões de pessoas desalentadas.

De acordo com o professor Ramon Barazal, economista do Centro Universitário Fundação Santo André, o investimento público e o investimento privado têm importância fundamental na geração de empregos para melhoria da economia. “Realização de obras, investimentos em novos maquinários e a entrada de novas empresas no país aumentam o número de empregos. Com isso, a economia começa a crescer, porque todo mundo passa a ter recursos para gastar”, explicou Barazal.

Medidas do governo

Entretanto, o professor ainda aponta que para a entrada de investimentos privados é necessário que o governo tome uma série de iniciativas. Entre as mais importantes, estão as reformas econômicas. “O governo pode diminuir os impostos cobrados das empresas ou facilitar a arrecadação deles, formando um sistema tributários mais simples”, explicou Barazal

Além disso, o acadêmico ainda destacou a importância da reforma previdenciária. De acordo com o professor, o governo “gasta mais do que arrecada” e isso impossibilita o equilíbrio fiscal. Algo que prejudica na realização dos investimentos.

Todos os especialistas concordam que enxugar os gastos da máquina pública é essencial para a entrada de novos investimentos no Brasil. E a reforma previdenciária é importante para conter e reduzir o “superendividamento” do estado brasileiro.

Além disso, segundo Barazal, a redução da dívida pública pode estimular a entrada de investimentos externos. “Conforme o déficit público for reduzido, o País irá receber maior número de investimentos internacionais oriundo de maior credibilidade e confiança pela boa administração das contas públicas”, explicou Barazal.

Além disso, outra medida necessária para melhorar o ambiente econômico nacional é a reforma administrativa. De acordo com o professor Borbely a administração pública está “inchada”. “Cresceu muito o número de funcionários públicos, deixando a ‘máquina pública’ inchada’. Mas a prestação de serviço para a população não melhorou”, destacou Borbely.

“Então, esse é uma ‘espinha’ com três eixos. Primeiro reforma tributária, segundo reforma administrativa, e depois a reforma previdenciária. Caso contrário, a reforma da Previdência não terá sucesso”, concluiu Borbely.

Expectativas para 2019

O Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada (Ipea), divulgou em dezembro novas projeções para o PIB.

De acordo com o instituto, a estimativa é que a economia brasileira cresça 2,7% em 2019. Uma previsão menor em relação a aquela de setembro, que tinha apontando uma alta de 2,9%.

Uma previsão que coincide com as expectativas dos analistas, que olham para 2019 com otimismo. Além disso, os investidores parecem mais propensos a investir no Brasil graças a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “O novo governo gera grande expectativa, principalmente por parte dos empresários e investidores” explicou Barazal.

Entretanto, muitos especialistas alertaram que apesar do investimento internacional, a atual situação de crise econômica deve se recuperar lentamente. Isso porque o dólar continuará com uma cotação elevada e o número de desempregados também permanecerá em alta, devido aos fracos níveis de atividades econômica.

“Diante do modelo de gestão escolhido pelo novo governo, a economia só deve apresentar grandes sinais de melhora após a aprovação e implementação das reformas. Mesmo assim, levará um tempo para que o mercado possa agir e promover o crescimento.”, afirmou Barazal.

Ainda de acordo com o economista, é válido levar em consideração que, caso o plano de governo do presidente eleito tenha êxito, o Brasil passará a ter um crescimento “gradual, duradouro e sustentado a longo prazo”.

Segundo o professor Borbely, 2019 será um ano melhor do que 2017 e 2018, mas somente se as reformas serão implementadas. “Não vejo expectativas tão favoráveis para 2019, caso as reformas tributárias, administrativas e investimento em capacidade produtiva, logística e construção civil, não sejam colocadas em prática”, explicou Borbely.

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Contras

Os economistas ainda alertaram sobre o risco o cenário político possa prejudicar a economia nacional. Principalmente se houver novos escândalos de corrupção. “Se tivermos novos casos de corrupção que envolvam a equipe do novo governo, a economia brasileira vai passar por tempos muito difíceis. Dessa forma, o futuro Executivo tem que estar muito alinhado e livre de figuras corruptas”, explicou Borbely.

Além disso, outro possível problema apontado é a falta de alinhamento entre o governo e o poder Legislativo. Principalmente se tratando das votações das reformas. “A influência negativa que vejo é o poder Legislativo dificultar, ou não aprovar, as reformas tributária e previdenciária”, explicou Barazal, “Quando o Legislativo está de acordo com o governo e quer ajudar, tudo funciona. Mas quando não, tudo fica mais complicado, especialmente na economia”.

Renan Bandeira

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