Quais os setores mais arriscados para investir em 2023?

2023 tem se mostrado um ano incerto no mercado de investimentos, com muitos setores enfrentando desafios e incertezas. Um dos setores mais arriscados para investir em 2023 é o varejo, especialmente devido à alta taxa Selic, que atualmente está em 13,75%.

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Novo ano, novo governo e nova economia. As incertezas pautam o ano de 2023, com muitos receios rondando o mercado de investimentos brasileiro. O Suno Notícias conversou com analistas para entender quais eram os setores mais seguros para investir neste ano.

Agora, veja quais são os investimentos mais arriscados no cenário atual:

Setores mais arriscados para investir em 2023

Segundo Regis Chinchila e Luis Novaes, analistas da Terra Investimentos, os aspectos macroeconômicos devem continuar pressionando os setores mais cíclicos da economia.

Observam um consumo não-essencial menor durante este ano, como uma possível recuperação apenas em 2024, com a melhora da economia e pressão menor das taxas de juros.


Varejo

Com juros altos, baixo crescimento econômico e poder de compra reprimido, é improvável que o varejo tenha um ano positivo, dizem os analistas da Terra. As ações de varejo, como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), sem mencionar Americanas (AMER3) – fora do Ibovespa depois do anúncio da recuperação judicial com o rombo bilionário descoberto no balanço da empresa -, ainda se mostram um investimento arriscado mesmo frente comparado a 2022.

“Deve-se observar que os ativos sofreram grande desconto nos últimos anos, o que poderia ser um ponto positivo, mas atendo-se aos riscos. O caso Americanas também pode dificultar a capacidade de crédito do setor”, ressaltam os analistas da Terra.

José Daronco, analista da Suno Research, explica que o varejo de eletrodoméstico é ainda mais afetado, porque vende bens de consumo mais caros e que necessitam de financiamento.

“É um setor que deve ser muito impactado neste ano. Recomendo ficar fora”, completa Daronco.

Portanto, o varejo é um dos setores mais arriscados para investir no cenário econômico atual.

Turismo

O setor de turismo, que lida com empresas que atuam na indústria de viagens e hospedagem, incluindo hotéis, companhias aéreas, agências de viagens e operadores turísticos, também é um dos setores mais arriscados para investir.

Este é um setor que comumente tem um bom desempenho em momentos de crescimento econômico e pode oferecer oportunidades interessantes para investidores dispostos a arriscar. Mas é também um dos setores mais arriscados para investir em 2023, na visão da Terra Investimentos.

Como o cenário econômico brasileiro segue incerto e inflacionado, o turismo pode ser uma opção mais arrojada.

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“É um dos poucos setores que ainda não se recuperaram dos impactos sofridos durante a pandemia. O turismo deve passar o ano pressionado com a menor disponibilidade de renda da população e custos das companhias aéreas em alto patamar, com a alta do petróleo”, comentaram os analistas da Terra.

As ações que compõem o setor, incluem a CVC (CVCB3), Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4).

Shoppings Centers

O setor de shoppings centers, como o do varejo, também entra na lista de setores mais arriscados para investir em 2023.

Associado ao consumo, o segmento sofre em cenários de altas taxas de juros. Nesse cenário as pessoas tendem a economizar mais e gastar menos, o que pode afetar negativamente as vendas dos lojistas dos shoppings centers.

Apesar de os shoppings-centers terem apresentado uma recuperação nos últimos meses, registrando números melhores após o período pandêmico, ainda existem muitos fatores que devem seguir pressionando o consumo, na visão dos especialistas da Terra.


“Na mesma linha que os outros setores associados ao consumo, os shoppings centers também não demonstram que terão um ano positivo. É o caso de Multiplan (MULT3) e JHSF (JHSF3)”, concluem.

Construção Civil

Outro setor fortemente impactado pelos juros elevados é o de construção de civil. Este segmento é muito dependente da taxa de juros, afetando diretamente as vendas parceladas de construtoras.

“Um pequeno aumento da taxa de juros impacta muito a parcela que as pessoas vão pagar, né?”, diz o analista José Daronco.

A demanda acaba caindo também, e, consequentemente, a construção de novos imóveis sente o impacto. Além disso, os financiamentos e empréstimos ficam mais caros, barrando oportunidades de investimentos e expansão dessas empresas.


“Mas é preciso separar o jogo do trigo”, ressalta o especialista.“ Tem boas construtoras hoje em situação mais favorável e que vão se beneficiar por isso. Mas no geral o investidor precisa tomar muito cuidado, principalmente com as construtoras mais alavancadas”.

Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3), MRV (MRVE3), Tenda (TEND3), Cury (CURY3), Lavvi (LAVV3), Mitre (MTRE3). Plano&Plano (PLPL3), Direcional (DIRR3) são algumas das ações desse setor.

Mas a XP faz ressalvas para algumas das ações desse setor. A Cury (CURY3) é uma delas. “A companhia deve acelerar os lançamentos no 1T23, para fortalecer seu estoque, ajudando a força de vendas ao longo do ano. Esperamos que os lançamentos alcancem +R$ 1,0 bilhão no 1T23 (R$ 420 milhões já lançados), totalizando ~R$ 3,8 bilhões em 2023 (~15% de crescimento A/A)”, diz o relatório da XP sobre a Cury.

O texto acrescenta: “As taxas de juros de imobiliárias da Caixa Econômica Federal permanecem estáveis (TR +8%/+9%), significativamente abaixo das taxas de juros imobiliárias de bancos privados, mantendo uma demanda sólida por projetos ligeiramente acima do programa habitacional. Além disso, a gestão de transição da CEF tem conseguido manter a eficiência dos repasses e o fluxo de pagamentos, o que a nosso ver é um sinal positivo para preservar a dinâmica positiva de geração de caixa.”

A Lavvi é outra ação que a XP citou como boa alternativa: “A Lavvi (LAVV3) apresentou dados operacionais sólidos e acima das expectativas no 4T22. Os lançamentos tiveram um desempenho robusto, atingindo R$ 1,16 bilhão (100%) e R$ 807 milhões de participação Lavvi (+460% A/A), impulsionados pelo lançamento de dois projetos de grande porte, como o Eden (em parceria com a Cyrela), e Galleria Klabin.”

Com isso, “as vendas líquidas aceleraram para R$ 781 milhões (100%) e R$ 539 milhões de participação na Lavvi (+392% A/A), favorecidas pela negociação e venda conjunta de studios nos dois lançamentos do trimestre. Como resultado, a VSO aumentou acentuadamente para 44% (+22 p.p. A/A). Assim, podemos ver uma reação positiva do mercado e mantemos nossa recomendação de compra para LAVV3 com preço-alvo de R$ 11,50/ação.”

Outra empresa famosa do setor, a MRV (MRVE3) apresentou, segundo a XP, uma prévia operacional mista no 4T22. “Do lado positivo, a empresa continuou aumentando seu preço médio por unidade vendida na operação core da MRV, atingindo R$ 208 mil (+22,7% A/A), em linha com a estratégia de recuperação de margens.” A MRV parece “mais confortável para aumentar seu volume de lançamentos daqui para frente”.

A XP finaliza: “Como resultado, os lançamentos aceleraram significativamente, atingindo R$ 3,4 bilhões (+92,8% T/T). Do lado negativo, o consumo de caixa atingiu R$ 539 milhões (+258% A/A), impactado pela fraca margem bruta na operação core. Dito isso, mantemos nossa recomendação de compra para MRVE3 com preço-alvo de R$ 17,00/ação, com base no valuation atrativo, negociando a 4,5x P/L 2023E.

A Cyrela (CYRE3), lembra a XP, “reportou dados operacionais sólidos no 4T22, impulsionados principalmente pelo desempenho de vendas líquidas acima do esperado (100%), atingindo R$ 2,69 bilhões (+70,9% A/A e +17,7% T/T), superando nossas estimativas em 8,0%, e totalizando R$ 7,9 bilhões em 2022 (+43,0% vs. 2021), apesar do cenário macro desafiador.” A casa completa: “Mantemos nossa visão positiva para CYRE3 e reiteramos nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$ 33,00/ação.

Essa matéria não é uma recomendação oficial de setores mais arriscados para investir em 2023.

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Ana Clara Macedo

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