Setor aéreo deve ‘queimar’ US$ 77 bi de caixa no 2º semestre, diz Iata

O setor aéreo deverá “queimar” US$ 77 bilhões de caixa no segundo semestre deste ano, segundo estimativas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). A prévia negativa para o setor ocorre devido a pandemia de coronavírus, que afetou globalmente as companhias aéreas.

“Infelizmente, as aéreas não conseguiram reduzir os custos na mesma velocidade em que as receitas caíram”, afirmou o economista-chefe da Iata, Brian Pearce, na manhã desta terça-feira (6). Pearce disse que a projeção de “queima” de caixa acontece por conta da recuperação menos rápida esperada para o fim de 2020.

A Iata estima que a demanda global (medida pela relação passageiro-quilômetro transportados, chamada de RPK) deverá cair 68% em dezembro na comparação ano a ano. Em julho, a projeção era de uma queda de 55% para o mesmo mês.

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De acordo com a Iata, o segundo trimestre foi o pior para o setor, que acabou queimando US$ 51 bilhões para manter a ordem nos negócios. “No trimestre, a queda nas receitas foi de cerca de 80%, infelizmente os custos caíram na casa dos 50%”, afirmou Pearce. O economista-chefe da Iata salientou que alguns custos diminuíram mais rapidamente, como os de combustível. Entretanto, o gasto com pessoal, por exemplo, é mais difícil de controlar.

A Iata afirmou que o setor tem em média 8,5 meses de caixa para “queimar” com o cenário projetado para o segundo semestre. O cálculo levou considerou a posição de liquidez média das companhias do setor aéreo no fim do segundo trimestre. “Com isso, as empresas teriam recursos para se sustentar até o final do primeiro trimestre de 2021”, disse Pearce.

Cenário do setor aéreo para 2021

De acordo com a Iata, o cenário do setor aéreo para 2021 não está muito melhor do que o deste ano. O setor pode fechar 2021 com uma “queima” de recursos entre US$ 50 bilhões e US$ 70 bilhões. A Iata ainda reiterou que as aéreas devem voltar para o azul, em geração de caixa, somente em 2022. “Isso dá uma escala de quanto as aéreas vão ter de captar, seja com os governos ou no mercado”, afirmou Pearce.

O índice FTSE All-World (que cobre mais de 3,5 mil empresas em cerca de 50 países) mostra que as ações das companhias aéreas no mundo ainda estão 40% abaixo dos níveis pré-pandemia, o que demonstra que o setor está tendo dificuldades para se recuperar.

O diretor-geral e CEO da Iata, Alexandre de Juniac, destacou que é essencial que os governos no mundo façam planos para ajudar e evitar falências no setor aéreo. “A crise está mais longa e mais profunda do que qualquer um poderia imaginar”, disse Juniac.

“Sustentar a indústria é um investimento que vale a pena fazer. O setor não está pronto para atravessar esta crise sozinho”, salientou o executivo. Na América Latina o cenário é pior ainda, duas companhias do setor aéreo, de grande porte, Avianca e Latam, entraram em recuperação judicial nos Estados Unidos e conseguiram levantar via DIP (mecanismos para captação na recuperação judicial dos EUA) aproximadamente US$ 4,5 bilhões com credores e acionistas. Ou seja, o governo não deu suporte às empresas.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Juliano Passaro

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