Em carta mensal aos investidores, o time de economia da AZ Quest liderada pelo economista-chefe Alexandre Manoel, destaca que a necessidade urgente de cortes de gastos é fundamental para controlar a inflação e evitar mais aumentos na taxa Selic.
“Os juros reais podem ficar acima de 7% a partir de agora, e em juros nominais em torno de 12% durante o período eleitoral”, afirma o economista-chefe.
Com o país enfrentando dificuldades em aumentar seu superávit primário, que não é alcançado desde 2013, a situação fiscal tem se tornado insustentável, exigindo medidas austeras para evitar um cenário econômico ainda mais desafiador, incluindo a disparada da taxa de juros.
Segundo a AZ Quest, para que o Brasil recupere a credibilidade fiscal, é crucial que o governo aperte o controle sobre suas despesas obrigatórias e mostre resultados claros no cumprimento das metas acordadas.
Um dos maiores problemas identificados pelo economista é a falta de rigor fiscal, no qual a dívida pública já atinge níveis preocupantes e não se vislumbra a possibilidade de receitas superiores às despesas públicas.
Manoel enfatiza que, para permitir uma nova fase de cortes da taxa Selic, é imprescindível que a administração atual demonstre um compromisso firme com a austeridade financeira.
O autor sugere que o governo deve focar na redução de gastos em programas sociais, como o Abono Salarial, o Seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), como parte de sua estratégia para atingir as metas fiscais necessárias.
Cenário ruim sem corte de despesas, com taxa Selic ainda maior e dívida pública sem controle
Caso essas medidas não sejam implementadas, o cenário projetado é alarmante: a taxa Selic poderia permanecer alta, os juros reais poderiam superar 7%, e a dívida pública poderia escalar para proporções insustentáveis.
O relatório prevê da AZ Quest que, se a curva de juros de mercado prevalecer, a dívida bruta do Brasil pode alcançar 122,5% do PIB até 2032, desencadeando um ciclo de dominância fiscal que acarretaria uma crise econômica com impactos diretos na inflação e no câmbio.
Sem cortes significativos nas despesas, argumenta o autor, o Brasil não apenas perderá a oportunidade de reduzir a taxa Selic, mas também poderá enfrentar consequências econômicas severas que afetarão sua estabilidade política e econômico-financeira no longo prazo.
“A escolha que o governo Lula precisa fazer entre a austeridade e a inação determinará o futuro econômico do Brasil e sua capacidade de novamente se tornar um ambiente favorável a investimentos e crescimento sustentável”, finaliza a AZ Quest sobre o cenário econômico e a taxa Selic.