Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) optou pela manutenção da taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano, em decisão unânime. O consenso do comitê foi bem visto pelos analistas, que se dividem sobre os próximos passos da política monetária.
Na decisão do Copom anterior, que cortou a taxa Selic em 25 pontos-base, a “racha” no colegiado preocupou o mercado. Agora, como a manutenção da taxa já era amplamente esperada, a boa notícia ficou por conta do consenso do comitê.
“Os nove diretores foram na mesma direção. Acredito que isso foi muito importante para reforçar que as decisões foram tomadas de forma técnica e não com interferência política, eliminando assim qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária”, diz Marcelo Bolzan, CGA e sócio da The Hill Capital.
Outro ponto de atenção do mercado dizia respeito ao comunicado do Copom. Especialistas interpretaram a comunicação como “hawkish”. Ou seja, entendem que ela passou uma mensagem dura, de preocupação e cautela diante do atual cenário.
“Depois do dissenso na última reunião, piora dos balanços de risco do último Copom para cá, maior preocupação com quadro fiscal e expectativas de inflação desancorando, a decisão precisava ser unanime e hawkish, com o comitê sinalizando necessidade de maior cautela”, afirma Bolzan.
O comunicado, contudo, não trouxe um forward guidance concreto, que é uma sinalização sobre a tendência do comitê para as próximas reuniões. No entanto, o documento traz uma “dica”, uma vez que afirma que “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
“Essa sinalização é uma indicação que os juros ficarão estáveis até que haja convergência, o que sugere juros estáveis até o final de 2024”, diz Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo.
“Na minha visão, teremos manutenção dos juros nesse patamar de 10,50% até o final desse ano”, concorda Bolzan.
O UBS-BB, por sua vez, vai em direção contrária. Os analistas do banco ainda enxergam a possibilidade de um novo corte na Selic neste ano.
“Esperamos que seja uma pausa, não uma parada brusca. Teremos o corte do Fed em dezembro, e de acordo com nossas premissas, acreditamos que o Banco Central brasileiro poderá também retomar os cortes em dezembro de 2024”, diz o UBS-BB sobre a taxa Selic.