Selic a 9,75% no fim do ano: Santander revisa projeção de juros; veja mudanças

O Santander revisou o início do corte de juros pelo Federal Reserve para novembro, com a deterioração da inflação corrente e demanda doméstica acima do esperado nos EUA. Além disso, o banco atualizou projeções para o PIB, inflação e Selic no Brasil.

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“Com demanda doméstica e inflação acima do esperado e a comunicação mais dura de membros do FOMC, o Comitê Federal de Mercado Aberto, equivalente ao Copom no EUA, postergamos nossa projeção do início de cortes de juros nos EUA para novembro (antes: junho)”, afirma o Santander. 

No Brasil, com os dados do primeiro trimestre (1T23) levemente mais fortes do que estimado e a revisão da massa salarial real ampliada para 5% em 2024 e 2,5% em 2025,  o banco atualizou para cima as projeções para o PIB. 

Neste contexto, a estimativa de PIB de 2024 agora é de 2% (antes era 1,8%), no entanto, foi mantida a projeção de PIB para 2025, em cerca de 2%. 

“A revisão foi menor do que seria em função dos impactos baixistas das inundações no Rio Grande do Sul sobre a atividade anual. Para 2025, acreditamos que taxas de juros mais elevadas tendem a compensar a revisão altista nos salários”, comenta o Santander. 

Além disso, foi revisada a projeção para a Selic. Agora, os analistas preveem a Selic em 9,75% para o fim de 2024. “Em nossa visão, a continuidade do ciclo de flexibilização depende muito de as expectativas de inflação não piorarem muito mais à frente. Portanto, vemos riscos altistas para nossa projeção.”

Quanto à inflação, o banco manteve a projeção de IPCA 2024 em 3,4%. “Para 2025, reduzimos nossa expectativa para 3,8% (antes eram 4%) incorporando a boa dinâmica de 2024, em que a possibilidade do La Niña adicionar a este cenário de incerteza mais elevada”, conclui. 

Fazenda espera menos cortes da Selic

Ministério da Fazenda já atualizou suas previsões para uma taxa Selic maior, com menos cortes, em consequência do cenário econômico dos Estados Unidos.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, relembrou na quinta-feira (16), os impactos dos EUA na economia brasileira, como a expectativa atual de um número menor de cortes da Taxa Selic nas próximas reuniões do Copom e de uma taxa de juro maior para o País em relação ao que se previa meses atrás.

“A mudança no cenário internacional, em particular nos EUA, traz um impacto para a expectativa de corte de juros no Brasil. Temos aí uma expectativa de um número menor de cortes e uma taxa terminal maior para o Brasil do que tínhamos alguns meses atrás”, disse Mello.

Em entrevista sobre o novo Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE), o secretário também aumentou as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, de 2,2% para 2,5%.

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Selic, inflação e PIB em 2024

Mello lembrou que, desde fevereiro, há revisões “constantes” a cada publicação do Boletim Focus, com aumento de expectativas de crescimento do PIB, mas também é observado um “pequeno aumento” de expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o principal indicador da inflação no Brasil.

Isso ocorreu especialmente nas últimas semanas, destaca Mello, em função dos impactos da desvalorização cambial do real ante o dólar e por causa de uma antecipação de efeitos da catástrofe no Rio Grande do Sul.

No boletim divulgado ontem, o Ministério da Fazenda revisou para cima a projeção da inflação medida pelo IPCA em 2024 e em 2025. A estimativa neste ano passou de 3,50% para 3,70% – dentro do intervalo de tolerância da meta estipulada para 2024, que é de 3%, com variação de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Já para 2025, a projeção para o IPCA passou de 3,10% para 3,20%.

“Essa estimativa já leva em consideração os impactos do câmbio levemente mais depreciado nos preços e os efeitos iniciais das chuvas no Rio Grande do Sul nos preços de alimentos, especialmente arroz, produtos in natura, frangos e carnes. Embora a inflação de maio e junho deva acelerar como resultado da calamidade, o efeito nos preços tende a ser majoritariamente temporário, em grande medida compensado após a normalização da oferta desses alimentos”, justifica a SPE.

Além disso, a projeção de alta do PIB de 2024 também foi revisada. A estimativa para a expansão da atividade neste ano passou de 2,2% para 2,5%. Para 2025, a projeção se manteve em 2,8%.

Além de traçar a Selic, segundo o documento, a alta na projeção do PIB neste ano é motivada por maiores contribuições esperadas para “a absorção doméstica”, como o crescimento “robusto” das vendas no varejo e dos serviços prestados às famílias, o aumento na geração líquida de postos de trabalho e a expansão das concessões de crédito.

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Vinícius Alves

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