Selic: Lula volta a colocar Campos Neto na mira e fala em “teimosia do presidente do BC para manter taxa de juros”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por causa da taxa de juros. A Selic atualmente está em 11,25% ao ano. A declaração de Lula foi dada em entrevista ao SBT.
Lula disse que não há nada além da “teimosia” de Campos Neto para manter os juros nesse patamar. O presidente voltou a chamar o chefe da autoridade monetária de “esse cidadão”, e disse que ele está contribuindo para o atraso do crescimento econômico do país.
O petista também disse que é possível que bancos públicos baixem as taxas de juros de seus financiamentos para forçar os demais atores do mercado a reduzir também.
O presidente da República também disse que é muito cedo para falar sobre uma eventual reeleição. O mandato de Lula vai até o fim de 2026, ano da próxima eleição presidencial.
‘Agora esperamos uma Selic mais alta no fim do ciclo’, diz Itaú
Em nova análise sobre o cenário macroeconômico, especialistas do Itaú BBA passaram a ter uma projeção mais alta para a Selic no fim do ciclo de flexibilização dos juros.
Agora, a projeção da casa é de uma Taxa Selic de 9,25%, ante 9% na projeção anterior.
“O adiamento do início do ciclo de cortes de juros americanos, bem como um orçamento menor, pode ter impacto sobre a taxa de câmbio em um contexto de diferencial de juros que já está em trajetória cadente”, analisa o Itaú.
“Soma-se a isso a inflação de serviços (especialmente em itens mais ligados ao mercado de trabalho e dinâmica salarial) mais pressionada na margem. Com expectativas de inflação ainda acima da meta, a Selic deve encerrar esse ciclo (e assim permanecer) em território contracionista”, completa.
Em se tratando do ritmo de cortes da Selic, o Itaú aponta que as autoridades continuam indicando que o ritmo atual é adequado, pois permite ajustar o grau de restrição monetária enquanto observam a velocidade de reação da economia – em especial a dinâmica inflacionário.
Com isso, a expectativa é de que continuem os cortes de 0,50 ponto percentual (p.p.) nas próximas reuniões do Copom.
Sobre o cenário inflacionário, o Itaú projeta um IPCA de 3,6% em 2024, mas com composição pior em relação às últimas estimativas.
Agora a visão é de uma dinâmica mais pressionada de serviços subjacentes.
“Os fundamentos para a inflação de serviços (mercado de trabalho e reajustes salariais) seguem indicando pressão altista para o grupo. Enquanto parte da piora em serviços subjacentes divulgada no IPCA-15 de fevereiro tende a ser pontual (serviços bancários), serviços ligados à mão de obra devem seguir pressionados ao longo do ano”, diz o time de pesquisa macroeconômica do banco.
“O balanço de riscos para nossa projeção de 2024 é simétrico. De um lado, o aumento do aporte da Eletrobras pode reduzir os reajustes de energia esse ano. Por outro lado, o mercado de trabalho apertado pode pressionar ainda mais os salários e, consequentemente, a inflação de serviços”, conclui.
Mercado espera 8,5% no fim do ciclo
Na edição mais recente do Boletim Focus, publicada no dia 5 de março, o relatório mostra que o consenso de mercado espera um IPCA de 3,76% para este ano e de 3,51% para o ano de 2025.
Já para a Selic as projeções são de 9% para este ano e 8,5% para o ano que vem.
Com Estadão Conteúdo