Selic elevada: cenário de inflação de curto prazo segue adverso, diz ata do Copom
Ata detalhou informações sobre a reunião da semana passada, que decidiu elevar a Selic em mais 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano.
O cenário de inflação de curto prazo segue adverso, diz a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (25) com mais informações sobre a decisão de aumentar a Selic para 14,25% ao ano.

“A inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta e acelerou nas observações mais recentes, em contexto de hiato positivo”, destacou o colegiado no parágrafo 11 do documento. A reunião da semana passada optou por aumentar a Selic em 1 ponto percentual pelo terceiro mês consecutivo.
Com relação aos bens industrializados, a cúpula do BC enfatizou que o movimento recente do câmbio pressionou preços e margens, já materializado em elevação dos preços no atacado, sugerindo ainda repasse para os preços no varejo nos próximos meses.
“Os preços de alimentos mantêm-se elevados e tendem a se propagar para outros preços no médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”, previu o colegiado.
Ainda sobre a análise de curto prazo, o Copom escreveu na ata que, em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima de 4,5%, limite superior do intervalo de tolerância da meta, por seis meses consecutivos, contados desde janeiro deste ano.
“Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, diz o texto. A partir deste ano, em vez de uma meta para o ano, o objetivo é perseguir uma meta anualizada de 3%, , ou seja, no acumulado dos 12 meses anteriores, com 1,5 ponto de tolerância para cima ou para baixo.
Selic a 14,25%: ata mostra Copom comprometido, diz analista
“O documento reforça a visão de um comitê comprometido com o alcance da meta de inflação dentro do horizonte relevante. O cenário exige uma política monetária bastante contracionista”, aponta André Muller, economista-chefe da AZ Quest.
Para ele, o fato de não haver indicação sobre a tendência da Selic para as reuniões a partir de junho reflete a incerteza do cenário. “O tom da ata foi interessante e mostra que o Copom está bastante atento a tudo isso para, inclusive, colocar a Selic no patamar que for necessário para fazer com que a inflação volte para as metas”, conclui Muller.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçou que é preciso mirar o centro da meta de inflação, que é de 3%. Ela participa do programa Bom Dia, Ministra, da EBC. ““”Não vamos conseguir alcançar 3%, mas temos que mirar 3%, porque essa inflação tem que baixar de 5% e tem que baixar de forma urgente”, afirmou.
Segundo ela, a equipe econômica deve priorizar esse combate ao lado do Copom porque “a inflação é um imposto mais perverso para os mais pobres”. Em fevereiro, o IPCA, índice oficial de inflação do país, foi de 1,31%. O acumulado dos últimos 12 meses é de 5,06%. Nesta semana o IBGE divulga o IPCA-15 de março, prévia da inflação do mês.