Mercado espera primeiro corte da Selic em agosto, mostra Banco Central
Com um governo eleito que promete gastos maiores e um rombo fiscal provavelmente maior em 2023, o mercado passou a projetar a manutenção da Selic por mais tempo. A estimativa é de que a primeira queda da Taxa Selic ocorra em agosto.
Conforme o Sistema de Expectativas de Mercado, de onde são compiladas as projeções do Boletim Focus, a mediana das projeções era junho.
Agora, a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central corte a taxa de juros na reunião de agosto.
As expectativas para os juros no fim de 2023, assim, caíram. Conforme o Boletim Focus, a projeção saiu de 11,75% para 11,50%.
Para o fim de 2024, a taxa projetada também vem aumentando em meio à percepção de que a taxa neutra pode avançar com a expansão fiscal planejada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto.
No Focus desta segunda-feira, foi de 8,25% para 8,50% ao ano.
Gasto público deve desencadear alta da Selic
Conforme a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo governo eleito para possibilitar o cumprimento de promessas de campanha, o Bolsa Família ficaria fora do teto de gastos por quatro anos, com um custo estimado de R$ 175 bilhões, e ainda haveria a possibilidade de aumentar em R$ 23 bilhões despesas de investimento em obras.
Na avaliação do mercado financeiro, o aumento de gastos proposto pode afetar a inflação e, consequentemente a política monetária, por dois canais principais: o aumento da demanda e o impacto em preços de ativos, como o dólar.
Hoje, o Copom mira os anos de 2023 e 2024 para o cumprimento da meta de inflação, mas tem dado ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, hoje o segundo trimestre de 2024.
No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (5), a mediana para o IPCA – índice de inflação oficial – de 2023 voltou a avançar, de 5,02% para 5,08%, acima do teto da meta de 4,75%.
Para 2024, porém, a projeção foi mantida em 3,50%, superior ao alvo central (3,00%), mas dentro da banda que vai até 4,50%.
Na curva de juros, há uma precificação de alta da Selic.
Em eventos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir.
No questionário pré-Copom de dezembro – que pode alterar a Selic -, o BC perguntou aos analistas se consideram gastos além do teto em 2023 e 2024, assim como pediu as estimativas para o juro neutro.
Com Estadão Conteúdo